quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sou filho do fulano...

    Algumas pessoas me perguntam de onde eu tiro inspiração para as histórias que escrevo.
Da vida, onde mais há tanta riqueza?

Pelas ruas da vida dou de frente a uma conversa. Não pense o pior de mim, foi uma dessas situações imprevisíveis em que me encontrei sem poder sair.

Não se preocupe, qualquer semelhança com algo real será mera coincidência...ou não.

Alguém resolve fazer uma visita surpresa na repartição, ver os amigos antigos.

Eu estive aqui anos atrás, disse o rapaz bem vestido ao ser recebido.
Mudou muito tudo por aqui, respondeu o sujeito que o recebeu.
Você, quem é? Dúvida do recém chegado. Sou filho do fulano...
O visitante balançou a cabeça sem entender a resposta.

Não é como faz o povo do interior diante dessa pergunta. Num lugar onde as raízes são profundas e os relacionamentos são antigos as famílias se reconhecem pelo parentesco. Eu mesmo em minha cidade natal não sou o Leonardo, lá sou o neto do 'Seu Ezequias'

Esse não era o caso no episódio acima. Ao dizer: "sou filho do cara", o que ele fez foi buscar uma identidade ausente nele mesmo mas presente no pai.para parecer importante aos olhos da pessoa bem vestida a sua frente, mas ser 'ninguém' incomoda

Na era da fama instantânea o anonimato é uma maldição enquanto construir a própria identidade dá trabalho.
Como na obra do Bem Amado alguém se dirige ao Zeca Diabo e diz;

Companheiro!
Não me chame de companheiro, me chame de capitão disse o jagunço
Mas companheiro quer dizer que somos todos iguais, argumentou o outro
E capitão quer dizer que não.

Então...entre famosos e anônimos celebro todo aquele que sabe sua identidade e o mais importante, sabe o que fazer com ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário