segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Enquanto isso em algum lugar do Rio...

"Um dia ele ia ter que pagar"

Foi o que disse Ivanildo Dias de Trindade ao entregar seu filho para a polícia.
O destaque não foi a atuação policial no Alemão, não foi a prisão do "Zeu", um dos assassinos do Tim Lopez, nem mesmo a presença das forças armadas, mas sim , o senso de responsabilidade de um pai carioca ao entregar o filho para a polícia.
O desafio imenso do Estado em prover segurança pública não é maior do que formar uma família e educar filhos em uma favela.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Combustível da violência

A garrafa Pet encontrada por policiais no Trevo das margaridas, ligação da Via Dutra com a Av Brasil, é a imagem do Rio de Janeiro desta época. Os locais escolhidos pelos criminosos para atear fogo em veículos são igualmente simbólicos. Linha vermelha, que liga o centro do Rio à Baixada, a Via Dutra, principal eixo Rio - São Paulo. Av Brasil, que é símbolo do próprio nome que carrega. Isso sem mencionar Copacabana e o Palácio das Laranjeiras, sede do Governo Estadual. A mensagem do crime é territorial, não importa se orquestrada por uma ou duas facções, se atos isolados.

Estamos vivendo o tempo em que as ferramentas da violência não são as tradicionais. Não se trata da espada, não se refere as armas de fogo, não são os mísseis ou ogivas que atormentam esta terra. É a gasolina. Quando o que é simples se torna instrumento de maldade, quando o que deveria ser usado como veículo de desenvolvimento se volta contra os próprio ser. Significa que um pouco de nossa própria humanidade já se corrompeu e se tornou em cinzas como os carros queimados nas rodovias.
As imensas vias expressas da cidade são a vitrine da perversidade, enquanto o Rio é a imagem de uma pacificação também de vitrine.
É preciso que se diga que é inviável haver um policial em cada esquina, da mesma forma que é absurdo relegarmos ao Estado o papel de deus capaz de responder todos os nossos problemas. É nisto que está o nosso dilema. Acabamos de viver oito anos de propaganda pró - Estado. Uma espécie de "pai" que faz funcionar a economia, que gera empregos, que divide a renda, que faz reforma agrária e ainda perdoa pecados.  Depois de nove ataques em 48 horas o estado é de incapacidade. O nosso, de perplexidade.
A pacificação que desejamos não começa no poder público e sim em nós. É no indivíduo pacificado interiormente e agente de influência em seu próprio mundo.

Precisamos urgentemente nos desarmar. Baixar espadas, desmuniciar mãos, recusar propinas, regeitarmos a corrupitibilidade da alma gananciosa e do jeitinho brasileiro e em fim, da gasolina.
O combustível da violência não é desconhecido.Conhecemos. suas causas, sabemos suas razões. Mas e quanto a paz? Qual é o seu combustível? O que a tornará viável? O que desarmará e regenerará a alma?
Comecemos agora a incubação de uma paz genital. Fomentemos seu crescimento em útero comunitário até que possamos vislumbrar seu nascimento em vias de fato no comportamento humano.
A quem interessar possa; isso não se faz com o fuzil.

Frase da Semana

"Claro que isso tem a ver com a reorganização do território que reconquistamos. Vamos continuar pacificando porque ainda tem comunidades que servem de fortaleza e escudo para o crime”


Sérgio Cabral - Governador do Rio ao se referir a onda de violência que acomete a cidade. Já são nove ataques em 48 horas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cinco arrastões em 48 horas no Rio

A recente onda de arrastões que atormentam moradores do Rio são sintomas de uma cidade doente. Patologia do descaso de anos de políticas de segurança pública voltadas para o "cartão postal" ao invés da pessoa, do morador.
É importante dizer que as UPPs são importantes a medida que resgatam a presença do Estado sobre seu próprio território. No entanto essa presença chega com, pelo menos,  quatro décadas de atraso , abrindo assim uma janela para a diversificação das atividades do crime que "organizado" vai se alastrando pela baixada e interior. A esta altura a "empresa do crime precisa encontrar outras oportunidades de emprego para sua mão de obra".
Outro fator alarmante é a invasão das milícias que já ocupam 70% das áreas pobres do Rio, indicativo que as frentes oficiais não são capazes de atingir a cidade como um todo e sim blocos que hoje se restringem ao assim chamado corredor de segurança Zona Norte - Zona Sul. Enquanto isso Campo Grande não é tratado como  um bairro, mas uma cidade do Mato Grosso do Sul. Duque de Caxias não é uma cidade do Grande Rio, mas um general do passado. Assim segue a vida na capital dos esportes.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fita Amarela

Quando...

Quando de tudo me canso
tudo me enfada
tudo embaça
tudo descombina
tudo aborrece
tudo desapetece
tudo desqualifica
tudo enjôa 


Quando de tu me canso
tudo escurece
tudo desaparece
tudo se esvai
tudo desaba
tudo serpenteia
tudo machuca
tudo estraga


Se de tudo sobra um tasco
um pequeno pedaço
uma pequena amostra 
uma tirinha
renasces formosa


tudo cheira
tudo respira
tudo aformoseia
tudo tem graça
tudo colore
tudo realça
tudo encanta


Wiki

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Poema


Caixa 

Eu ouço vozes
saem elas duma caixa

Eu tenho visagens
vejo rostos, cores, paisagens

Ouço todas as vozes 
Vejo todas as paisagens
falando-me, vendo-me 
da caixa a fora
da vida a dentro

Louco não!
Antes, normal.

Na caixa estão todos
loucos
fora dela a aberração
A razão.

Wiki

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Foto da Semana

Um motorista foi flagrado carregando um cavalo no banco de trás do veículo em uma rodovia ao sul de Topeka, no estado do Kansas (EUA).
Vejo o vídeo no  link

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ENEM 2010

Quando educação se torna um business os processos seletivos se tornam instrumento de injustiça social.

As provas realizadas no último fim de semana em todo o território nacional tinham a difícil missão de resgatar a dignidade do INEP seriamente arranhada após o escândalo de venda de provas do ENEM ano passado. Fato agravado pelos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB em que o Rio de Janeiro figura nas últimas posições com o maior número de escolas públicas abaixo das expectativas do MEC. O colapso do ensino público no Brasil é um ciclo que se repete desde que a coorte carioca não sabia que modelo educacional adotar, se o português, obviamente em declínio, mas ainda comprometido com a coroa. Ou se o modelo inglês, cujos jovens recém formados eram empreendedores e deixavam a escola prontos a dominar os mares. Venceu a coroa.

A cada ciclo de crise no sistema educacional as medidas tomadas são sempre as mesmas ainda que travestidas de novidade. Uma instituição é extinta em detrimento de outra, ocorrem mudanças no sistema de avaliação, a moda atual é a conceitual sem reprovação, tudo regado a complicados cálculos matemáticos, que nem mesmo os alunos seriam capazes de fazer, transformados em índices. Um ponto percentual para cima em alguma tabela é comemorado qual gol em final de Copa. Enquanto isso nossos alunos aprendem cada vez menos. Professores sofrem ataques de nervos ou se engalfinham em uma luta corpo a corpo pela sobrevivência com seus alunos em plena sala de aula, quando não, as notícias de abuso quais as ocorridas no Rio.

Enquanto isso a Europa ‘pensa’ em ciência para todos, aqui a pretendida educação para todos não está funcionando. O acesso a escola, ainda não me referindo a escola pública de qualidade, e ao ensino superior recém experimentado pela assim chamada classe “C” faz surgir uma questão. A que tipo de escola e ensino se está tendo acesso? Que tipo de ensino superior os milhares de brasileiros “emergentes” estão absorvendo. O boom de instituições de ensino ocorrido nos últimos dez anos não se deu pela voracidade nacional pelo conhecimento, mas sim por um negócio. Educar se tornou um mercado promissor onde a escola ou a faculdade se transformou em uma empresa, o aluno, bem esse deixou de ser aluno para ser um consumidor.

Outro agravante é a falta de uma resposta convincente para a pergunta: O ensino médio ensina exatamente o que? O aluno recém formado está preparado para que? O conhecimento adquirido em doze anos de estudo o capacita para que? A resposta é estarrecedora: Nada. O aluno saído do ensino médio por volta de seus dezoito anos de idade é apenas mais um desempregado, salvo se optou pelo ensino técnico, mas neste caso, não estará preparado para passar em um vestibular sério. Em qualquer país com o mínimo de seriedade o nosso ensino médio seria considerado um escândalo, pois é a maior ferramenta de exclusão social que se tem notícia.

O ENEM é isso que está aí, uma caricatura do próprio governo que o promove. É o 'feijão tropeiro' empurrado goela abaixo de todos nós. Importa para estes que o aluno/consumidor seja um número em uma tabela. Enquanto o mundo inteiro se pergunta: Como educar no pós-indústria? Nós aqui sequer sabemos como lidar com nossos próprios professores.
É preciso urgentemente que nos voltemos para a educação que importa, aquela que pode formar uma pessoa. Uma esfera cognitiva além das comuns como família e comunidade. Enquanto este caminho não for trilhado o ENEM os vestibulares e mesmo o sistema de Cotas serão apenas instrumentos de injustiça social.

Wiki

Malandragem carioca no Futebol Americano

12 UPPs em 2 anos

Primeira unidade, no Morro Santa Marta, foi inaugurada em dezembro de 2008.

Confiantes, moradores das áreas ocupadas abrem seus próprios negócios.

Aluizio FreireDo G1 RJ
UPP Especial - Morro da BabilôniaUPP do Chapéu Mangueira-Babilônia foi construído
no alto do morro (Foto: Aluizio Freire)
Na tarde da última quarta-feira duas mulheres aproveitavam o sol e a vista do alto do Morro da Babilônia, no Leme, na Zona Sul do Rio. A cena, aparentemente comum, seria impossível antes da ocupação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade, segundo as moradoras. “Os tiroteios aqui começavam sempre nessa hora. A gente era obrigada a se esconder embaixo da cama ou sair de casa”, conta uma delas, mostrando as perfurações de tiros nas paredes. Programa aprovado pela população, a primeira UPP completa dois anos em dezembro.

Com cerca de 2.200 homens distribuídos em 12 favelas, as UPPs atendem 213 mil pessoas. Essa população - que conviveu durante anos com a violência dos traficantes e, muitas vezes, da própria polícia - é a principal aliada do programa, garantem os oficiais que estão à frente dessas unidades.
Veja galeria de fotos

“No início os moradores nos olhavam com desconfiança, mas, felizmente, conquistamos a confiança dessas pessoas que reconhecem o trabalho que estamos fazendo. Existe uma grande mobilização que tem garantido o sucesso do programa. Não é apenas a presença da polícia, mas uma gama de serviços que estão sendo oferecidos a essa população que durante muito tempo ficou sem a atenção do Estado”, afirma o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues da Silva.
Para o coronel, a ocupação da polícia não transformou apenas o cotidiano das pessoas, mas também provocou uma grande mobilização, com novos empreendimentos que voltaram a reacender as atividades econômica, cultural, esportiva e de lazer nessas comunidades.
Restaurante na laje

Um desses empreendedores é César Zerbinato, do Morro da Babilônia, que costuma usar a laje de sua casa, com uma bela vista das praias do Leme e de Copacabana, como restaurante. Entre seus clientes estão muitos turistas estrangeiros. Coordenador de ecoturismo, César também promove, em parceria com a associação do Morro Chapéu Mangueira, caminhadas pelas trilhas da região.

“Antes, para fazer esses passeios, a gente era obrigado a avisar ao batalhão da área, a delegacia, o Forte Duque de Caxias e, principalmente, pedir autorização para o tráfico. Agora, pedimos apenas ao comandante da UPP”, diz ele, que vai organizar uma festa de réveillon na laje para turistas que querem ver a queima de fogos de Copacabana.

Como em outras comunidades, Babilônia e Chapéu Mangueira também oferecem às crianças e adolescentes aulas de balé, cursos de webdesigner, supletivo e pré-vestibular.
UPP Especial pintorEraldo voltou a pintar os barracos do Morro Santa
Marta, em Botafogo (Foto: Aluizio Freire)
Pintura e aulas de karatê
A paz no Morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul, que recebeu a primeira UPP em 22 de dezembro de 2008, fez com que o pintor Eraldo Martins, de 58 anos, voltasse à ativa após ter interrompido a pintura ao ar livre. Ele reproduz nas telas os becos e imagens dos barracos.

“Sempre gostei de retratar o cenário da favela. Gosto da perspectiva, os degraus, a penumbra e a luz. São coisas que me fascinam e enriquecem a minha obra”, revela o artista autodidata que é incentivado pelos amigos da favela. “Agora, mais do que nunca, tenho motivação para pintar os meus quadros”, diz Eraldo, que espera conseguir um espaço para dar aulas de pintura para crianças.
A professora de karatê Marise Andrade Covelo, 32, dá aulas em 13 comunidades, atendendo a cerca de 200 alunos. “São 18 anos de trabalho resgatando crianças do crime, da violência e das drogas”, conta ela. Ao lado do marido, Clemente Santiago, e do soldado Eduardo Silva,  fizeram uma apresentação na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, na comemoração do Dia da Favela.

O capitão da PM José Luiz Medeiros, responsável pela a equipe que ocupa a favela, se mostra otimista com o clima de tranquilidade entre os moradores. “Para mim, que já entrei por esses becos trocando tiros com bandidos, que já perdi muitos amigos baleados, essa convivência em paz com as pessoas tem um significado muito importante”, afirma o militar, que acompanha um torneio de futebol promovido pela UPP.
UPP Especial - CDDPoliciais participam de torneio de futebol com
meninos da Cidade de Deus (Foto: Aluizio Freire)
Delivery e self-service
Ainda na Zona Oeste, a paz no Jardim Batan, em Realengo, mudou o cotidiano das pessoas que moram na comunidade. Entusiasmadas, sete amigas montaram o restaurante Saborearte.
O espaço, que trabalha com os sistemas delivery e self-service, surgiu a partir do programa “Elas em Movimento”, que já ajudou moradoras de outras favelas pacificadas. “Realizamos um sonho”, comemora Suellen Falcão Queiroz, 23, uma das sócias.

A realidade dos moradores do Borel, Casa Branca e Chácara do Céu, na Tijuca, Zona Norte, áreas que antes de ocupação militar eram territórios de guerra do tráfico e constantes incursões policiais, também é outra. Os desenhos feitos pelos alunos da escola local, mostrando o “antes” e “depois”, resumem o resultado da mudança.

“A gratificação por realizar esse trabalho é muito maior do que tudo o que já fiz na polícia”, revela o capitão Amaral, que comanda a UPP local.

As UPPs que estão em pleno funcionamento são: Morro Santa Marta (Botafogo – Zona Sul); Cidade de Deus (Jacarepaguá – Zona Oeste); Jardim Batan (Realengo – Zona Oeste); Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme – Zona Sul); a favela Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos (Copacabana - Zona Sul); Pavão-Pavãozinho, também em Copacabana; Cantagalo (Ipanema – Zona Sul); Borel, Chácara do Céu e Casa Branca (Tijuca – Zona Norte); Formiga (Tijuca); Andaraí (Zona Norte); Salgueiro (Tijuca); Turano (Rio Comprido – Zona Norte); e Morro da Providência, no Centro.

A unidade do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, ainda está em fase de implantação.

“Temos que seguir o planejamento, para não cometer atropelos. Mas, ao mesmo tempo, precisamos ser rápidos para que o programa que está sendo bem recebido pela população não caia em descrédito”, conclui o coronel Robson Rodrigues da Silva.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E agora Serra?

Aos amigos que acompanham o Cariocagens: Eu sei, eu sei. É a  terceira charge este mês. Mas fazer o que? A política tupiniquim é tão inspiradora!







Amarildo