quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

As Cariocas

A bundalização de todos nós.

As relações entre homens e mulheres sempre foi de amor e ódio. Relegadas por milênios a um papel secundário na vida social elas foram anjos, bruxas, santas ou endemoniadas, símbolos de fertilidade, beleza e prazer. Uma descarga emocional elevada ao cubo trouxe como conseqüência a passionalidade, não do amor, mas do sexo. Um paradoxo uma vez que se o amor pode ser simbolizado pelo inocente coração vermelho a mulher por sua vez, não pode ser representada por sua vagina. Seu RG é a bunda.

Na mini série exibida pela Globo, cujo título humildemente plageio, fica ao ‘meio do caminho’. Não representa a herança de Nelson Rodriguez em sua capacidade de enxergar além da superficialidade, mas o desejo elevado à salvação ou a perdição humana. Também não vai além, é incapaz de fazer uma leitura atual dos anseios femininos, como se tudo na vida de uma mulher girasse em torno, não de sua vagina, ou seja, daquilo que como mulher pode gerar, fazer nascer, criativamente criar. Mas em torno de sua bunda. De seus desejos meramente hedonistas, como se a busca pela ‘felicidade’ fosse o alvo de toda existência.

Nada disso é novo, pois a beleza vende. Vende perfumes, cerveja, vende carros, vende uma cidade. E se a beleza vende, sua face mais visível é a mulher. No caso da Globo a beleza vende novelas, mini séries, BBB’s entre outras inutilidades. Pesa contra nós não apenas esse estupro do papel da mulher na sociedade, mas seus desdobramentos. O Rio tomou para si a mesma alienação de sua identidade. O que hoje representa a cidade? O carioca, o Corcovado, a Lagoa, Copacabana? As bundas! O pior é que quando um desavisado pensa em uma mulher sem levar em consideração sua traseira, esta mulher só pode ser Nossa Senhora. Entre santas e devassas nem a mãe de deus salva a imagem da mulher carioca.

Chega de bundalizar. A mulher é mais que bunda da mesma forma que a cidade é mais do que a propaganda que atrai a turistada que divinamente gasta aqui dólares e euros entre idas ao Cristo e o sapateado da mulata. Bundalizar a mulher significa a bundalização de nós mesmos. Travestimos nossa identidade. Ocultamos quem somos debaixo do blush do rimel e do batom. Expomos nossas vergonhas ao fio dental sob o sol de Ipanema. A mulher vale por que existe e existem milhares cuja história de superação e valentia merece ser contada em cadeia nacional. Ou nossa identidade ressurge das cinzas ou viveremos do falso, seja pela copa ou pela bunda olímpica.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Frase da Semana

"O Congresso acabou de votar o aumento dos parlamentares e esqueceram do Lulinha aqui"


Lula ao se referir ao aumento de 61.7% do já muito bem pago Congresso Nacional.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Crônica do Veríssimo

2010, adeus

Veríssimo
 PERSONALIDADE DO ANO — Paul, o polvo alemão que previu todos os resultados da Copa.
TROFÉU "VAMOS VER NO QUE VAI DAR" DO ANO — Empate: Dilma Rousseff e Tiririca.
LÁZAROS DO ANO (OU "EU TAMBÉM ESTOU LOUCA DE SAUDADE, QUERIDO, MAS ANTES VÁ TIRAR ESSA ROUPA E TOMAR UM BANHO") — Os mineiros soterrados do Chile.
TROFÉU "OVO NO FIOFÓ DA GALINHA" DO ANO — A discussão sobre o que fazer com os royalties do pré-sal antes que uma gota do petróleo tenha sido extraída.
ANTICLÍMACES DO ANO — A revelação de que o que diplomatas dizem e fazem em segredo não se parece nada com o que eles dizem e fazem em público e a revelação de que o Ricky Martin é gay.
FILME DO ANO — A tomada do Complexo do Alemão.
ARGENTINOS DO ANO — Messi, Conca e Cristina Kirchner, que também concorreu ao prêmio de Melhor Viúva.
MARADONA DO ANO — Maradona.
MELHOR JOGO QUE NÃO HOUVE DO ANO — Inter de Porto Alegre x Inter de Milão.
"OLÉ" DO ANO — Espanha campeã do mundo.
"O QUÊ?!" DO ANO — O Papa admite o uso de camisinha em ocasiões especiais.
FIGURA EMBLEMÁTICA DO ANO, TALVEZ DO SÉCULO — Lady Gaga.
E QUANDO VOCÊ PENSAVA QUE O ANO TERMINARIA SEM QUE A JUSTIÇA BRASILEIRA FIZESSE MAIS UMA DAS SUAS... — Ficha limpa para o Maluf.
INÊS
(Da série "Poesia numa hora destas?!")
Ela tinha as unhas do pé
pintadas de dourado
— eu deveria ter me flagrado.
Ela tinha uma flor de Lys tatuada
nas costas apontando para o rego
— pra onde iria meu sossego?
Ela gostava da Camille Paglia
e de esportes radicais
— como eu não vi os sinais?
Agora é tarde, Inês está aí
e eu é que morri.