quarta-feira, 29 de setembro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Foto da Semana


Meio Ambiente

A fotografia do húngaro Bence Maté, 25 anos. Ganhou o prêmio de Fotografia de Meio Ambiente 2010 distribuido pela organização inglesa CIWEM. A foto mostra o encontro de um Beija-flor e uma víbora verde prestes a dar o bote.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O que o Tiririca, o Macaco Tião e o Garotinho tem em comum?

Não responda! É uma pergunta retórica.
Mesmo sendo por São Paulo, o destino do candidato Tiririca interessa a todos nós. Não apenas por causa dos mais de um milhão de votos que pode receber, segundo pesquisa IBOPE, mas pela bizarrice que tem tomado de assalto a casa, que deveria ser sagrada, da Câmara dos Deputados.
Uma casa que já teve como presidente o catastrófico Severino Cavalcanti, que já viu em seus quadros Paulo Maluf e Clodovil eleitos com record de votação, diga-se de passagem por São Paulo. O que estará acontecendo com estes paulistas minha gente?
Mas antes da cariocada comemorar devemos nos lembrar que quase elegemos o finado Macaco Tião a prefeito do Rio. O primata recebeu mais de 400 mil votos em 1988. E piriga elegermos o Garotinho com mais de 1 milhão e 200 mil votos alegando ser 'ficha limpa'.
Pra quem acha que uma coisa é uma coisa e que outra coisa é outra coisa, Tiririca e Garotinho são candidatos pelo mesmo partido o PR. Palhaçada?
Abre o olho galera!!

Tiririca

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Leonardo Boff


Em entrevista a ÉPOCA, o teólogo diz que os dois últimos papas retrocederam em relação ao diálogo aberto por João Paulo I

Leopoldo Mateus

O teólogo Leonardo Boff é um dos maiores críticos brasileiros ao comportamento recente da Igreja Católica. Expoente da Teologia da Libertação, foi expulso da Igreja nos anos 80, por criticar sistematicamente a hierarquia da religião. Doutor em Filosofia e Teologia pela Universidade de Munique, Boff falou a ÉPOCA sobre os principais motivos da grande perda de fiéis da Igreja Católica para as evangélicas e pentecostais no Brasil e fez críticas ao movimento carismático, comandado pelos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo. "Eles são animadores de auditório. Isso não leva ninguém à transformação. É um Lexotan".

ÉPOCA – O Papa Bento XVI reconheceu, no último dia 10, a enorme perda de fiéis da Igreja Católica no Brasil e a rápida expansão das evangélicas e pentecostais. A que se deve isso?
Leonardo Boff - São três causas. Primeiro, a Igreja não consegue ter padres suficientes pra atender fiéis, por causa do celibato. São 17 mil, e teriam de ser uns 120 mil. As pentecostais ocupam esse vazio. Elas vão ao encontro das demandas do povo. O povo não é dogmático, vai pro centro espírita, vai pra macumba... Em segundo lugar, a grande desmoralização que a igreja sofreu com os padres pedófilos. É a maior crise desde a Reforma Protestante. É uma crise grave, porque se desmoralizou e perdeu o conteúdo ético. A maneira como o Vaticano se comportou foi desastrosa. Tentou encobrir e depois disse que era um complô internacional. Só quando começaram a aparecer muitos casos que o papa disse que tinha que punir. Mas, mesmo assim, não mostrou solidariedade com as vítimas e nem como mudar isso. Só pensa na Igreja. Em terceiro lugar, o fato de a Igreja ter uma visão muito abstrata da realidade. Uma linguagem que o povo não entende direito.

ÉPOCA – O senhor acredita que nas últimas décadas houve um retrocesso na modernização da Igreja Católica?
Boff - João Paulo II e Bento XVI abortaram as inovações de João Paulo I e afastaram a Igreja do mundo. A Igreja não tem dialogo com as outras igrejas. Falta uma reconciliação com o mundo moderno. Desde o século XVI que a Igreja vive em briga com ele. A igreja se abriu a isso e João Paulo II, com sua visão medieval, abortou tudo isso. A Igreja não tem mais poder político. Só tem poder moral. Reforçou a estrutura hierárquica tradicional. Marginaliza mulheres, e os fiéis têm a representatividade de garis. A igreja dos anos 60 aos 80, quando surgiram a Teologia da Libertação e os movimentos de base, foi abortada. Isso tornou a igreja antipática.

ÉPOCA – O que os católicos encontram nas outras igrejas que não encontram na Católica?
Boff - O povo quer uma mensagem compreensível e simples. As evangélicas utilizam os instrumentos do mercado e são muito calcadas em cima da prosperidade. Há uma grande manipulação das expectativas e do sentimento religioso do povo. Mas, ao mesmo tempo, elas são formas de ordenar a sociedade. Muitas famílias que viviam nas drogas e na bebedeira se estruturaram, se inseriram na sociedade. Fator de ordem.

ÉPOCA – Bento XVI disse que os padres não estão evangelizando suficientemente os fiéis e que as pessoas se tornam influenciáveis e com uma fé frágil. O senhor concorda?
Boff - O problema não é evangelizar. É a maneira como se faz. O catecismo e outros símbolos imutáveis são engessados, não falam no fundo das pessoas. É um cristianismo fúnebre. O padre Marcelo Rossi está imitando as pentecostais. Há um vazio de evangelização, é a relação pessoa e Deus. É melhor escutar o padre Rossi do que escutar a Xuxa, mas é a mesma coisa. Eles são animadores de auditório. Isso não leva ninguém à transformação. É um Lexotan. Depois volta a lógica dura da vida. É uma evangelização desgarrada da vida concreta.

ÉPOCA – O papa já se mostrou não ser muito favorável aos líderes mais carismáticos, como Marcelo Rossi e Fábio de Melo. Isso não complica as coisas?
Boff - O Vaticano e os bispos não gostam de ter sombra ao lado deles. E Roma não gosta disso. Por isso quer enquadrá-los. Eles são modernos e mercadológicos. Por outro lado, não levam as pessoas a refletirem sobre os problemas do mundo. O padre Rossi nunca fala dos desempregados e da fome. Só convida a dançar. Ele louva as rosas, mas esquece o jardineiro que as rega.

ÉPOCA – Qual seria a melhor forma de atrair quem anda distante da Igreja Católica?
Boff - A melhor forma é aquilo que a Igreja da Libertação faz desde os anos 70. Reunir cristãos pra confrontar a página da Bíblia com a da vida. Uma evangelização ligada ao cotidiano e às culturas locais. Uma coisa no Nordeste, outra na Coreia. Essa visão proselitista é ofensiva à liberdade humana.

ÉPOCA – Essa tendência de crescimento das outras igrejas se reflete em outros países tradicionalmente católicos. Ela é universal?
Boff - É um fenômeno mundial chamado imigração interna do cristianismo. Muitos cristãos da Europa que estudaram estão migrando de igreja. Não aceitam esse tipo de igreja. O cristianismo na Europa é agônico. A Alemanha, por exemplo, que tem o imposto religioso, o destina para a luta contra a aids. É outra visão. Tanto que a maior religião do mundo já é a mulçumana, que cresce muito na África. É simples. Não tem padre, nem bispo. Atrai muito mais as pessoas.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Frase do Dia

'Precisamos de santos que bebam coca-cola, que comam cachorro quente, que usem jeans e sejam internautas".
                                                                                         João Paulo II

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não casei com Chico, mas durmo com ele!

Porque amar em ciclos é o destino de todo homem.

Não me casei com um homem, nada contra os que assim o fazem o amigo não me entenda mal, mas Regina me é o amor de uma vida.
Casei cedo, uma loucura me disseram uns e outros. Devo dizer que viver com uma mulher não me era uma novidade. Contando da esquerda para direita, entre mãe, tias, irmã é avó, noves fora eram dez. Eu tomava uma bronca só de ir do quarto pra cozinha. Nem me passava pela cabeça que há um fenômeno biológico capaz de explicar o porquê um simples caminhar dentro de casa causasse furor numa tia. 
Era assim: eu acordava, esperava pelos passos raivosos e pelo bater de portas, punha a cabeça pra fora do quarto e já arrumado, corria pra mesa para o mais rápido possível tomar meu café e sair para a escola com o mínimo de danos possível a minha pessoa. Quem disse que a vida não é emocionante?
Pois é! A maravilhosa tia de uma manhã se tornava um ser raivoso e sedento de sangue em outro, quando a vovozinha se mostrava doce era a irmã querida a questionar a minha existência. É muita coisa gente!
Já dizia meu avô, um dos poucos bravos a morar no mesmo lugar, que se alguém tem que tomar remédio, é porque está doente. Hoje ninguém me convence do contrario, TPM é doença! 
Graças a Deus, filmaram Rambo nos anos 80, por isso sabemos o que fazer caso tenhamos de enfrentar um monte de vietnamitas, mas queria ver o Stallone encarar minha mãe de ‘ovo virado’. Ia ‘pagar’ de cachorro manso.
Hoje, estou com a Regina. Gente, uma única mulher dentro de casa! O problema é que eu sou o único homem dentro dela. Resultado? Durmo com o Chico.
Não sei quando começa e quando penso em ficar aliviado por seu fim o mau humor é o prenúncio do próximo já a caminho.
Como todo homem, amo em ciclos. Por isso, nós os mortais, detestamos amá-las, dormimos com Chico e caso sobrevivamos, seremos amados.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Frase do Dia

"Acabe com a pobreza, mate um mendigo"
                                               Sandra Cavalcanti
Sobre a política de higienização das favelas do Rio entre 1950/60.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Imagem do Dia

                                                                     A Favela da Catacumba.

Em 1970, seus mais de dez mil moradores foram removidos pelo antigo governador da Guanabara, Carlos Lacerda, para conjuntos habitacionais do subúrbio, entre eles, Vila Kennedy, Cidade de Deus e Guaporé-Quitungo. Em 1979, na administração do prefeito Marcos Tamoyo, foi inaugurado o Parque da Catacumba, que hoje é o mais importante parque de esculturas ao ar livre existente na cidade. O nome Catacumba, segundo os antigos moradores da favela, tem origem no fato daquele local ter sido utilizado no passado como cemitério indígena.

Lata d'água

Prioridades

Poema

Me ame em vida, pois a morte é certa.
Me dê valor agora, depois será tarde.

Cuide de mim sempre até que eu vá.
Vida curta, vida breve.
Amanhã não, diga que eu sou importante pra você agora.
Acaricie meus cabelos
Me abrace
Aperte a minha mão

A ampulheta foi virada
Os grãos estão passando rápido demais
Faça tudo valer a pena
Me ligue fora de hora, apenas por ligar.

Caminhe comigo
Apenas fale com o olhar
Sinta o vento, ouça o mar.
O sol tá indo, e sei que vai voltar.

Zere tudo, se possível, todos os dias.
Comece a amar como se fosse a primeira vez.
Que o novo, seja novo, todos os dias.
Que cada gesto seja Sacramento

Dê as mãos, vamos cirandar?
Só pra te sentir ao meu lado.

Relaxe a fronte
Descruze os braços
Respire devagar
Tudo pode ser mais lento
Mais observável

E quando eu for, não chores
Porque vivemos tudo
Fui prioridade em vida
Fizemos o máximo
Valeu a pena.

            Cleidson Pedrosa


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Luxo no Lixo. O Sonho Latino de Riqueza

Espaço Samba

Ratos e Urubus, Larguem a Minha Fantasia (1989)

Beija Flor de Nilópolis
Composição: Betinho, Glyvaldo, Zé Maria e Osmar

Reluziu... É ouro ou lata
Formou a grande confusão
Qual areia na farofa
É o luxo e a pobreza
No meu mundo de ilusão

Xepa de lá pra cá xepei
Sou na vida um mendigo
da folia eu sou rei

Sai do lixo a pobreza
Euforia que consome
Se ficar o rato pega
Se cair urubu come

Vibra meu povo
Embala o corpo
A loucura é geral
Larguem minha fantasia
Que agonia... Deixem-me
Mostrar meu carnaval

Firme... Belo perfil!
Alegria e manifestação
Eis a Beija-flor tão linda
Derramando na avenida
Frutos de uma imaginação

Leba - laro - ô ô ô ô
Ebó lebará - laiá - laiá – ô
Reluziu...

Imagem do Dia

  
 
O Cristo Proibido

Beija Flor - 1989
Ratos e Urubus. Larguem a minha fantasia

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O Oráculo de Quintino

Todo Carioca Bebe. Todo Bebum é Vidente.

Todo carioca bebe, nem que seja água. Gelada com gás mais limão, sem gás sem limão e com gelo, ou da bica mesmo. Uoston sempre bebeu, no bar da esquina, na birosca do fim da rua, na padaria do português o sujeito bebe não importa a hora, o dia ou a cor do cabelo. Seu boteco de preferência é tão antigo quanto Quintino, fica lá na esquina da Clarimundo com qualquer coisa. Diz a dona, uma paraibana morena de braços roliços e fala imponente que o Galinho quando menino ia lá de vez em quando beberiscar um guaraná. Dona Sebastiana tem até uma foto, amarelada pelo tempo, emoldurada atrás do balcão. Jura pra todo o mundo que o moleque franzino que aparece lá é o Galinho. Quem se atreve a desdizer?

Nunca vi Uoston sóbrio, há quem diga que testemunhou tal fato. Eu não! Vejo sempre aquela figura esguia de corpo marcado pela lida, da roça nos anos passados, hoje dos bicos feitos aqui e ali. Uoston é um faz tudo. Nunca estudou nada, mas ninguém sai de sua augusta presença sem as respostas almejadas. Se precisas de um eletricista, Uoston faz! Se pedreiro, marceneiro ele sabe. Dizem a boca miúda, que seu melhor ofício é o de oráculo.

Sentado a mesa do bar de Dona Sebastiana, já regado pela cevada em um dado momento, na hora certa em que os astros convergem seu poder ou agraciado pela divina providência, as palavras certas lhe saem da boca. Um vaticínio, profecia certa e infalível. Neste momento todas as mesas se calam, a música perde o gosto, a morena rebolativa desaparece. Só se houve a voz do profeta. Ninguém sabe ao certo como acontece, sabe-se apenas que Uoston, bebum, vaticina. Dado dia o português, sujeito ganancioso, embebedou de propósito o pobre apenas pra saber o resultado antecipado do bicho. Deu em nada! Milagre é assim, não se dá por vontade ou ganância humana.

Todo bebum é profeta, acho eu. Uoston não é o único, não pode ser. Lembro da polvorosa em um domingo quando previu o resultado do jogo do Maracanã. Do dia que previu a morte do astro pop, da alta do dólar ou da queda da bolsa. Tudo prevê Uoston. Nem mesmo Dona Sebastiana ousa contrariar-lhe a palavra.

Todo o bairro o respeita, toda cevada o alimenta a Uoston só lhe pesa a vida. Triste vida de bebum quando só lhe é preciosa a vida sob a sombra da marquise de um bar qualquer. De minha varanda em tarde ensolarada pela última vez vi passar pela rua o Oráculo de Quintino. Dizem uns e comentam outros que caminhou lento ao seu assento preferido. Bebeu por horas enquanto torcia diante da TV pelo time escolhido, foi então que aconteceu. O céu enegreceu e trovejou, lâmpadas piscavam o vento soprava. Uoston com rosto sereno, mãos postas sobre a mesa, olhar fixo proclamou:

_Campeão será o Prudente, na segunda divisão o Mengão. Por fim disse ele, Dilma presidente.

Nunca mais se vendeu cevada na birosca, Dona Sebastiana fechou o bar, o português foi embora. O futebol perdeu o gosto, tristeza em polvorosa.

Nunca mais vi Uoston, tenho medo da cevada.

Sempre que vejo um bebum passo de largo, vai que profetisa o danado.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Máquina de Camisinha

Uma questão de saúde pública ou comportamento?

A reportagem exibida no último domingo pelo Fantástico trouxe à tona a polêmica gerada pelas “máquinas de camisinha” disponibilizadas em escolas públicas. Segundo a doutora em antropologia Micheline de Oliveira, em entrevista ao programa, jovens entre 13 e 19 anos possuem vida sexualmente ativa. O que demandaria a urgência em programas de prevenção de DST/AIDS. Segundo o ministério da saúde, autor da iniciativa, serão 40 as máquinas oferecidas até o fim de 2010.
Aqueles que são contra a iniciativa argumentam que a escola não é ambiente para a máquina. Lembram que os postos de saúde já oferecem camisinhas de forma gratuita. Já a opinião de jovens e adolescentes ouvidos pelo Fantástico se mostra dividida.

Programas de conscientização e prevenção a DSTs não são novidade. A pergunta que persiste sem uma resposta simples é: Porque estes programas não conseguem gerar efeitos entre os jovens desta faixa etária? Hoje, doenças de outros séculos como a sífilis e gonorréia crescem assustadoramente. Segundo a OMS (2009) são cerca de 12 milhões de casos por ano no mundo, destes, mais de 3 milhões na América Latina. Segundo o MS, só em 2009 foram registrados cerca de 6 mil casos de sífilis congênita no Brasil, um número crescente entre meninas que engravidam antes dos 14 anos de idade.

Para muitos, a “máquina de camisinhas” pode incentivar o diálogo familiar sobre sexo, no entanto, a tônica deste século tem sido a dificuldade de muitos em transformar informação em reflexão, ou seja, pode-se informar sem que isso signifique algo para quem a recebe. Sem a reflexão necessária a informação não se transformará em comportamento. Outra característica deste tempo é o comprometimento de jovens, entre 18 a 24 anos, com a diversão. Para muitos deles assuntos considerados não divertidos podem ser colocados de lado.

Será que as escolas públicas do Rio de Janeiro, cuja avaliação do IDEB é uma das piores do país estão, de fato, preparadas para lidar com estes jovens? Será que o nosso já depredado magistério, possui condições de lidar com as demandas que estas máquinas irão causar ao corpo docente?

Apesar de setores da sociedade clamarem pela liberalização da sexualidade, estes jovens ainda se perguntam quem são. Qual a sua identidade e por fim quem serão. Em suas mentes há mais perguntas do que respostas, Ser Emo, Hétero, Bi ou Homo? Lady Gaga é menino ou menina? São muitas as perguntas para uma única máquina responder. Ainda pressupões-se que um adolescente responsabilize-se por seu sexo, mas não por seus crimes, um legítimo paradoxo tupiniquim.

Antes da máquina aparecer na escola, precisamos fazer a escola aparecer a estes jovens. Antes de empurrar liberalidade sexual a eles precisamos dar condições de descobrirem quem são como indivíduos e quem são na coletividade. Antes de esperar que se comportem de uma forma precisamos refletir com eles sobre comportamento.

Confiaremos essa tarefa a uma máquina ou a nós mesmos?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Estado Laico

Made in Igreja Universal

As declarações do Bispo e fundador da Igreja universal do Reino de Deus Edir Macedo pró-aborto (vídeo abaixo) são no mínimo inusitadas. O cenário evangélico brasileiro tradicionalmente se posiciona contra o aborto, em uma das raríssimas concordâncias com a Igreja Católica. O Bispo é hoje, não apenas uma voz discordante entre seus colegas, mas um articulador político hábil de olho nas eleições 2010.

Se considerarmos apenas o panorama religioso, muitos militantes pró-aborto poderiam ver no Bispo Macedo um aliado, mas um olhar mais abrangente pode mostrar que a posição adotada pelo pastor carece de respaldo.

Ouvir um líder religioso defendendo uma posição moral sobre um assunto polêmico não é novo, mas isso não torna o fundador da Igreja Universal um liberal, as aparências enganam. Fundado em 2005 o PRB – Partido Republicano Brasileiro nasceu sob as denúncias de ter conseguido as assinaturas necessárias para seu registro no TSE em templos da Universal. De fato há que nas eleições de 2002 a igreja através da sigla elegeu 21 deputados federais e 1 senador. Em sua declaração ao TSE de gastos de campanha, o Senador Marcelo Crivella pagou 158 mil reais por serviços prestados à gráfica da Igreja Universal. A ligação da IURD com a política não é obra do acaso, para muitos analistas, o PRB foi criado para ser o braço político da igreja. Graças à providência divina e aos escândalos das sanguessugas e as malas com 10 milhões de reais flagradas em um jatinho levaram o partido a míngua nas eleições de 2006.

Hoje a Igreja Universal do Reino de Deus detém um conglomerado de comunicação. Edir Macedo possui concessões de mídia além da geradora da Rede Record 23, emissoras de TV e 40 de rádio além da Rede Aleluia que conta com 36 emissoras. É dona de um império empresarial que inclui jornais, planos de saúde e até uma empresa de taxi aéreo, a Alliance Jet. Tudo a serviço dos planos políticos do Bispo acusado de crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha além de crime contra a fé pública.

Não há liberalismo no discurso pró-aborto de Edir Macedo, cujo argumento baseia-se em planejamento familiar. O problema do aborto, hoje no Brasil, é uma questão de saúde pública, cuja resposta está além de sua descriminalização. Engloba a qualidade sanitária do serviço público bem como sua capacidade de absorção de um número incalculável de adolescentes e mulheres que o procurarão, caso seja permitido. O discurso de Edir Macedo é oportunista. De alguém que não crê na construção de um Estado laico e democrático, mas que se esforça para que seus mais de 3,5 milhões de seguidores (IBGE 2002) se transformem em poder político, usado é claro a sua conveniência. As milhares de adolescentes que engravidam neste país não têm no Bispo da Universal um defensor, os milhares de militantes pró-aborto não têm nele um militante. O Estado vislumbrado por Macedo é laico made in IURD. Um perigo real para a nossa já sofrida democracia. Dia 3 vem aí. E que Deus nos livre dos lobos pseudo-religiosos.

Bispo Edir Macedo e seu apoio Aborto

Quebra de Sigilo Fiscal

República das Bananas

A recente quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB não é um fato isolado. A cada ciclo eleitoral somos soterrados por uma infinidade de dossiês, de documentos comprometedores, denúncias, arapomgagens e bisbilhotagens que chegam aos altos escalões do serviço público. Os ânimos acalorados, uma espécie de Tensão Pré Eleitoral parece tornar ainda mais difuso o entendimento das causas reais da ilegalidade das ações e da obscuridade das intenções. Fato agravado por ser um dos alvos da invasão fiscal, a filha do ex-governador e candidato a presidência José Serra. O que demonstra a pessoalidade e a intencionalidade do crime.

A nossa imatura democracia tupiniquim, embora contestada por republicanos mais fervorosos, de fato existe. O que pode ser visto na dificuldade enfrentada para se aprovar uma lei que garanta o “nada consta” na ficha corrida dos candidatos. Ou mesmo na tentativa de impedir a livre expressão dos humoristas nacionais sobre a nossa caricaturada política. Piada não maior do que aquilo que nos apresenta o horário político obrigatório.

Ainda vivemos na República das Bananas? O termo não poderia ser mais propício. Ainda mais tendo sido cunhado por um humorista, O. Henry (1904). Embora pejorativo por essência, a corrupção que a expressão denota não está longe dos nossos dias. No entanto devemos afirmar que a Receita Federal é uma instituição séria, mas tão seria quanto é a propriedade privada. O que vemos hoje é a fragilidade da Receita em assegurar o sigilo dos dados pessoais sobre o patrimônio. Na República das Bananas vaza-se a prova do Enem, dinheiro se esconde na cueca, e amizades com ditadores teocratas são mantidas.

A sociedade vê no Estado um executor de sua vontade devidamente parlamentada naqueles que a representam. O que vemos hoje não é isso. Ao inverso, o Estado vê na sociedade algo a ser domado, cuja vontade parecer ser sem importância, um mero capricho. Um risco se considerarmos que não estamos na América do Norte ou entre as democracias mais maduras da Europa, e sim na América Latina. Temos como vizinhos: Chaves e seu discípulo Evo Morales. A conturbada Colômbia e a sempre preocupante Argentina dos Kirchner. Resta-nos a esperança que o dia 3 próximo faça surgir no horizonte um Estado legitimamente democrata. Sem invasões ou quebras de sigilos. Há esperança, pois como diz o candidato Tiririca, pior não fica. Será?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Frase do dia

"Temos que descobrir a linguagem da divergência"
                                                           Tony Judt

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Criatividade

Liberdade, liberdade! Abre as asas sobre nós

Espaço Samba


Imperatriz Leopoldinense – 1989
Composição: Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Juarandir


Vem ver, vem reviver comigo amor
O centenário em poesia
Nesta pátria, mãe querida
O império decadente, muito rico, incoerente
Era fidalguia
Surgem os tamborins, vem emoção
A bateria vem no pique da canção
E a nobreza enfeita o luxo do salão
Vem viver o sonho que sonhei
Ao longe faz-se ouvir
Tem verde e branco por aí
Brilhando na Sapucaí
Da guerra nunca mais
Esqueceremos do patrono, o duque imortal
A imigração floriu de cultura o Brasil
A música encanta e o povo canta assim
Pra Isabel, a heroína
Que assinou a lei divina
Negro, dançou, comemorou o fim da sina
Na noite quinze reluzente
Com a bravura, finalmente
O marechal que proclamou
Foi presidente

Liberdade, liberdade!
Abra as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz

A Suburbana

Poesia


Vem do luar luz divina que te ilumina a face doce
Teu sorriso, das noites quentes suburbanas
Terra divertida, de gente até tarde na rua
Terra do velho e da criança, terra tua

Vem do sol a tua graça
Tua força, tua raça
Terra de carne na grelha
Dos domingos de folga, da fé e da crença

Vem da terra a tua majestade
Pois digo, não és plebéia
De minha coorte é rainha
Ao longe fui buscar-te, para sempre seres minha.