quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

As Cariocas

A bundalização de todos nós.

As relações entre homens e mulheres sempre foi de amor e ódio. Relegadas por milênios a um papel secundário na vida social elas foram anjos, bruxas, santas ou endemoniadas, símbolos de fertilidade, beleza e prazer. Uma descarga emocional elevada ao cubo trouxe como conseqüência a passionalidade, não do amor, mas do sexo. Um paradoxo uma vez que se o amor pode ser simbolizado pelo inocente coração vermelho a mulher por sua vez, não pode ser representada por sua vagina. Seu RG é a bunda.

Na mini série exibida pela Globo, cujo título humildemente plageio, fica ao ‘meio do caminho’. Não representa a herança de Nelson Rodriguez em sua capacidade de enxergar além da superficialidade, mas o desejo elevado à salvação ou a perdição humana. Também não vai além, é incapaz de fazer uma leitura atual dos anseios femininos, como se tudo na vida de uma mulher girasse em torno, não de sua vagina, ou seja, daquilo que como mulher pode gerar, fazer nascer, criativamente criar. Mas em torno de sua bunda. De seus desejos meramente hedonistas, como se a busca pela ‘felicidade’ fosse o alvo de toda existência.

Nada disso é novo, pois a beleza vende. Vende perfumes, cerveja, vende carros, vende uma cidade. E se a beleza vende, sua face mais visível é a mulher. No caso da Globo a beleza vende novelas, mini séries, BBB’s entre outras inutilidades. Pesa contra nós não apenas esse estupro do papel da mulher na sociedade, mas seus desdobramentos. O Rio tomou para si a mesma alienação de sua identidade. O que hoje representa a cidade? O carioca, o Corcovado, a Lagoa, Copacabana? As bundas! O pior é que quando um desavisado pensa em uma mulher sem levar em consideração sua traseira, esta mulher só pode ser Nossa Senhora. Entre santas e devassas nem a mãe de deus salva a imagem da mulher carioca.

Chega de bundalizar. A mulher é mais que bunda da mesma forma que a cidade é mais do que a propaganda que atrai a turistada que divinamente gasta aqui dólares e euros entre idas ao Cristo e o sapateado da mulata. Bundalizar a mulher significa a bundalização de nós mesmos. Travestimos nossa identidade. Ocultamos quem somos debaixo do blush do rimel e do batom. Expomos nossas vergonhas ao fio dental sob o sol de Ipanema. A mulher vale por que existe e existem milhares cuja história de superação e valentia merece ser contada em cadeia nacional. Ou nossa identidade ressurge das cinzas ou viveremos do falso, seja pela copa ou pela bunda olímpica.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Frase da Semana

"O Congresso acabou de votar o aumento dos parlamentares e esqueceram do Lulinha aqui"


Lula ao se referir ao aumento de 61.7% do já muito bem pago Congresso Nacional.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Crônica do Veríssimo

2010, adeus

Veríssimo
 PERSONALIDADE DO ANO — Paul, o polvo alemão que previu todos os resultados da Copa.
TROFÉU "VAMOS VER NO QUE VAI DAR" DO ANO — Empate: Dilma Rousseff e Tiririca.
LÁZAROS DO ANO (OU "EU TAMBÉM ESTOU LOUCA DE SAUDADE, QUERIDO, MAS ANTES VÁ TIRAR ESSA ROUPA E TOMAR UM BANHO") — Os mineiros soterrados do Chile.
TROFÉU "OVO NO FIOFÓ DA GALINHA" DO ANO — A discussão sobre o que fazer com os royalties do pré-sal antes que uma gota do petróleo tenha sido extraída.
ANTICLÍMACES DO ANO — A revelação de que o que diplomatas dizem e fazem em segredo não se parece nada com o que eles dizem e fazem em público e a revelação de que o Ricky Martin é gay.
FILME DO ANO — A tomada do Complexo do Alemão.
ARGENTINOS DO ANO — Messi, Conca e Cristina Kirchner, que também concorreu ao prêmio de Melhor Viúva.
MARADONA DO ANO — Maradona.
MELHOR JOGO QUE NÃO HOUVE DO ANO — Inter de Porto Alegre x Inter de Milão.
"OLÉ" DO ANO — Espanha campeã do mundo.
"O QUÊ?!" DO ANO — O Papa admite o uso de camisinha em ocasiões especiais.
FIGURA EMBLEMÁTICA DO ANO, TALVEZ DO SÉCULO — Lady Gaga.
E QUANDO VOCÊ PENSAVA QUE O ANO TERMINARIA SEM QUE A JUSTIÇA BRASILEIRA FIZESSE MAIS UMA DAS SUAS... — Ficha limpa para o Maluf.
INÊS
(Da série "Poesia numa hora destas?!")
Ela tinha as unhas do pé
pintadas de dourado
— eu deveria ter me flagrado.
Ela tinha uma flor de Lys tatuada
nas costas apontando para o rego
— pra onde iria meu sossego?
Ela gostava da Camille Paglia
e de esportes radicais
— como eu não vi os sinais?
Agora é tarde, Inês está aí
e eu é que morri.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Enquanto isso em algum lugar do Rio...

"Um dia ele ia ter que pagar"

Foi o que disse Ivanildo Dias de Trindade ao entregar seu filho para a polícia.
O destaque não foi a atuação policial no Alemão, não foi a prisão do "Zeu", um dos assassinos do Tim Lopez, nem mesmo a presença das forças armadas, mas sim , o senso de responsabilidade de um pai carioca ao entregar o filho para a polícia.
O desafio imenso do Estado em prover segurança pública não é maior do que formar uma família e educar filhos em uma favela.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Combustível da violência

A garrafa Pet encontrada por policiais no Trevo das margaridas, ligação da Via Dutra com a Av Brasil, é a imagem do Rio de Janeiro desta época. Os locais escolhidos pelos criminosos para atear fogo em veículos são igualmente simbólicos. Linha vermelha, que liga o centro do Rio à Baixada, a Via Dutra, principal eixo Rio - São Paulo. Av Brasil, que é símbolo do próprio nome que carrega. Isso sem mencionar Copacabana e o Palácio das Laranjeiras, sede do Governo Estadual. A mensagem do crime é territorial, não importa se orquestrada por uma ou duas facções, se atos isolados.

Estamos vivendo o tempo em que as ferramentas da violência não são as tradicionais. Não se trata da espada, não se refere as armas de fogo, não são os mísseis ou ogivas que atormentam esta terra. É a gasolina. Quando o que é simples se torna instrumento de maldade, quando o que deveria ser usado como veículo de desenvolvimento se volta contra os próprio ser. Significa que um pouco de nossa própria humanidade já se corrompeu e se tornou em cinzas como os carros queimados nas rodovias.
As imensas vias expressas da cidade são a vitrine da perversidade, enquanto o Rio é a imagem de uma pacificação também de vitrine.
É preciso que se diga que é inviável haver um policial em cada esquina, da mesma forma que é absurdo relegarmos ao Estado o papel de deus capaz de responder todos os nossos problemas. É nisto que está o nosso dilema. Acabamos de viver oito anos de propaganda pró - Estado. Uma espécie de "pai" que faz funcionar a economia, que gera empregos, que divide a renda, que faz reforma agrária e ainda perdoa pecados.  Depois de nove ataques em 48 horas o estado é de incapacidade. O nosso, de perplexidade.
A pacificação que desejamos não começa no poder público e sim em nós. É no indivíduo pacificado interiormente e agente de influência em seu próprio mundo.

Precisamos urgentemente nos desarmar. Baixar espadas, desmuniciar mãos, recusar propinas, regeitarmos a corrupitibilidade da alma gananciosa e do jeitinho brasileiro e em fim, da gasolina.
O combustível da violência não é desconhecido.Conhecemos. suas causas, sabemos suas razões. Mas e quanto a paz? Qual é o seu combustível? O que a tornará viável? O que desarmará e regenerará a alma?
Comecemos agora a incubação de uma paz genital. Fomentemos seu crescimento em útero comunitário até que possamos vislumbrar seu nascimento em vias de fato no comportamento humano.
A quem interessar possa; isso não se faz com o fuzil.

Frase da Semana

"Claro que isso tem a ver com a reorganização do território que reconquistamos. Vamos continuar pacificando porque ainda tem comunidades que servem de fortaleza e escudo para o crime”


Sérgio Cabral - Governador do Rio ao se referir a onda de violência que acomete a cidade. Já são nove ataques em 48 horas.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Cinco arrastões em 48 horas no Rio

A recente onda de arrastões que atormentam moradores do Rio são sintomas de uma cidade doente. Patologia do descaso de anos de políticas de segurança pública voltadas para o "cartão postal" ao invés da pessoa, do morador.
É importante dizer que as UPPs são importantes a medida que resgatam a presença do Estado sobre seu próprio território. No entanto essa presença chega com, pelo menos,  quatro décadas de atraso , abrindo assim uma janela para a diversificação das atividades do crime que "organizado" vai se alastrando pela baixada e interior. A esta altura a "empresa do crime precisa encontrar outras oportunidades de emprego para sua mão de obra".
Outro fator alarmante é a invasão das milícias que já ocupam 70% das áreas pobres do Rio, indicativo que as frentes oficiais não são capazes de atingir a cidade como um todo e sim blocos que hoje se restringem ao assim chamado corredor de segurança Zona Norte - Zona Sul. Enquanto isso Campo Grande não é tratado como  um bairro, mas uma cidade do Mato Grosso do Sul. Duque de Caxias não é uma cidade do Grande Rio, mas um general do passado. Assim segue a vida na capital dos esportes.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fita Amarela

Quando...

Quando de tudo me canso
tudo me enfada
tudo embaça
tudo descombina
tudo aborrece
tudo desapetece
tudo desqualifica
tudo enjôa 


Quando de tu me canso
tudo escurece
tudo desaparece
tudo se esvai
tudo desaba
tudo serpenteia
tudo machuca
tudo estraga


Se de tudo sobra um tasco
um pequeno pedaço
uma pequena amostra 
uma tirinha
renasces formosa


tudo cheira
tudo respira
tudo aformoseia
tudo tem graça
tudo colore
tudo realça
tudo encanta


Wiki

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Poema


Caixa 

Eu ouço vozes
saem elas duma caixa

Eu tenho visagens
vejo rostos, cores, paisagens

Ouço todas as vozes 
Vejo todas as paisagens
falando-me, vendo-me 
da caixa a fora
da vida a dentro

Louco não!
Antes, normal.

Na caixa estão todos
loucos
fora dela a aberração
A razão.

Wiki

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Foto da Semana

Um motorista foi flagrado carregando um cavalo no banco de trás do veículo em uma rodovia ao sul de Topeka, no estado do Kansas (EUA).
Vejo o vídeo no  link

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ENEM 2010

Quando educação se torna um business os processos seletivos se tornam instrumento de injustiça social.

As provas realizadas no último fim de semana em todo o território nacional tinham a difícil missão de resgatar a dignidade do INEP seriamente arranhada após o escândalo de venda de provas do ENEM ano passado. Fato agravado pelos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB em que o Rio de Janeiro figura nas últimas posições com o maior número de escolas públicas abaixo das expectativas do MEC. O colapso do ensino público no Brasil é um ciclo que se repete desde que a coorte carioca não sabia que modelo educacional adotar, se o português, obviamente em declínio, mas ainda comprometido com a coroa. Ou se o modelo inglês, cujos jovens recém formados eram empreendedores e deixavam a escola prontos a dominar os mares. Venceu a coroa.

A cada ciclo de crise no sistema educacional as medidas tomadas são sempre as mesmas ainda que travestidas de novidade. Uma instituição é extinta em detrimento de outra, ocorrem mudanças no sistema de avaliação, a moda atual é a conceitual sem reprovação, tudo regado a complicados cálculos matemáticos, que nem mesmo os alunos seriam capazes de fazer, transformados em índices. Um ponto percentual para cima em alguma tabela é comemorado qual gol em final de Copa. Enquanto isso nossos alunos aprendem cada vez menos. Professores sofrem ataques de nervos ou se engalfinham em uma luta corpo a corpo pela sobrevivência com seus alunos em plena sala de aula, quando não, as notícias de abuso quais as ocorridas no Rio.

Enquanto isso a Europa ‘pensa’ em ciência para todos, aqui a pretendida educação para todos não está funcionando. O acesso a escola, ainda não me referindo a escola pública de qualidade, e ao ensino superior recém experimentado pela assim chamada classe “C” faz surgir uma questão. A que tipo de escola e ensino se está tendo acesso? Que tipo de ensino superior os milhares de brasileiros “emergentes” estão absorvendo. O boom de instituições de ensino ocorrido nos últimos dez anos não se deu pela voracidade nacional pelo conhecimento, mas sim por um negócio. Educar se tornou um mercado promissor onde a escola ou a faculdade se transformou em uma empresa, o aluno, bem esse deixou de ser aluno para ser um consumidor.

Outro agravante é a falta de uma resposta convincente para a pergunta: O ensino médio ensina exatamente o que? O aluno recém formado está preparado para que? O conhecimento adquirido em doze anos de estudo o capacita para que? A resposta é estarrecedora: Nada. O aluno saído do ensino médio por volta de seus dezoito anos de idade é apenas mais um desempregado, salvo se optou pelo ensino técnico, mas neste caso, não estará preparado para passar em um vestibular sério. Em qualquer país com o mínimo de seriedade o nosso ensino médio seria considerado um escândalo, pois é a maior ferramenta de exclusão social que se tem notícia.

O ENEM é isso que está aí, uma caricatura do próprio governo que o promove. É o 'feijão tropeiro' empurrado goela abaixo de todos nós. Importa para estes que o aluno/consumidor seja um número em uma tabela. Enquanto o mundo inteiro se pergunta: Como educar no pós-indústria? Nós aqui sequer sabemos como lidar com nossos próprios professores.
É preciso urgentemente que nos voltemos para a educação que importa, aquela que pode formar uma pessoa. Uma esfera cognitiva além das comuns como família e comunidade. Enquanto este caminho não for trilhado o ENEM os vestibulares e mesmo o sistema de Cotas serão apenas instrumentos de injustiça social.

Wiki

Malandragem carioca no Futebol Americano

12 UPPs em 2 anos

Primeira unidade, no Morro Santa Marta, foi inaugurada em dezembro de 2008.

Confiantes, moradores das áreas ocupadas abrem seus próprios negócios.

Aluizio FreireDo G1 RJ
UPP Especial - Morro da BabilôniaUPP do Chapéu Mangueira-Babilônia foi construído
no alto do morro (Foto: Aluizio Freire)
Na tarde da última quarta-feira duas mulheres aproveitavam o sol e a vista do alto do Morro da Babilônia, no Leme, na Zona Sul do Rio. A cena, aparentemente comum, seria impossível antes da ocupação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade, segundo as moradoras. “Os tiroteios aqui começavam sempre nessa hora. A gente era obrigada a se esconder embaixo da cama ou sair de casa”, conta uma delas, mostrando as perfurações de tiros nas paredes. Programa aprovado pela população, a primeira UPP completa dois anos em dezembro.

Com cerca de 2.200 homens distribuídos em 12 favelas, as UPPs atendem 213 mil pessoas. Essa população - que conviveu durante anos com a violência dos traficantes e, muitas vezes, da própria polícia - é a principal aliada do programa, garantem os oficiais que estão à frente dessas unidades.
Veja galeria de fotos

“No início os moradores nos olhavam com desconfiança, mas, felizmente, conquistamos a confiança dessas pessoas que reconhecem o trabalho que estamos fazendo. Existe uma grande mobilização que tem garantido o sucesso do programa. Não é apenas a presença da polícia, mas uma gama de serviços que estão sendo oferecidos a essa população que durante muito tempo ficou sem a atenção do Estado”, afirma o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues da Silva.
Para o coronel, a ocupação da polícia não transformou apenas o cotidiano das pessoas, mas também provocou uma grande mobilização, com novos empreendimentos que voltaram a reacender as atividades econômica, cultural, esportiva e de lazer nessas comunidades.
Restaurante na laje

Um desses empreendedores é César Zerbinato, do Morro da Babilônia, que costuma usar a laje de sua casa, com uma bela vista das praias do Leme e de Copacabana, como restaurante. Entre seus clientes estão muitos turistas estrangeiros. Coordenador de ecoturismo, César também promove, em parceria com a associação do Morro Chapéu Mangueira, caminhadas pelas trilhas da região.

“Antes, para fazer esses passeios, a gente era obrigado a avisar ao batalhão da área, a delegacia, o Forte Duque de Caxias e, principalmente, pedir autorização para o tráfico. Agora, pedimos apenas ao comandante da UPP”, diz ele, que vai organizar uma festa de réveillon na laje para turistas que querem ver a queima de fogos de Copacabana.

Como em outras comunidades, Babilônia e Chapéu Mangueira também oferecem às crianças e adolescentes aulas de balé, cursos de webdesigner, supletivo e pré-vestibular.
UPP Especial pintorEraldo voltou a pintar os barracos do Morro Santa
Marta, em Botafogo (Foto: Aluizio Freire)
Pintura e aulas de karatê
A paz no Morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul, que recebeu a primeira UPP em 22 de dezembro de 2008, fez com que o pintor Eraldo Martins, de 58 anos, voltasse à ativa após ter interrompido a pintura ao ar livre. Ele reproduz nas telas os becos e imagens dos barracos.

“Sempre gostei de retratar o cenário da favela. Gosto da perspectiva, os degraus, a penumbra e a luz. São coisas que me fascinam e enriquecem a minha obra”, revela o artista autodidata que é incentivado pelos amigos da favela. “Agora, mais do que nunca, tenho motivação para pintar os meus quadros”, diz Eraldo, que espera conseguir um espaço para dar aulas de pintura para crianças.
A professora de karatê Marise Andrade Covelo, 32, dá aulas em 13 comunidades, atendendo a cerca de 200 alunos. “São 18 anos de trabalho resgatando crianças do crime, da violência e das drogas”, conta ela. Ao lado do marido, Clemente Santiago, e do soldado Eduardo Silva,  fizeram uma apresentação na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, na comemoração do Dia da Favela.

O capitão da PM José Luiz Medeiros, responsável pela a equipe que ocupa a favela, se mostra otimista com o clima de tranquilidade entre os moradores. “Para mim, que já entrei por esses becos trocando tiros com bandidos, que já perdi muitos amigos baleados, essa convivência em paz com as pessoas tem um significado muito importante”, afirma o militar, que acompanha um torneio de futebol promovido pela UPP.
UPP Especial - CDDPoliciais participam de torneio de futebol com
meninos da Cidade de Deus (Foto: Aluizio Freire)
Delivery e self-service
Ainda na Zona Oeste, a paz no Jardim Batan, em Realengo, mudou o cotidiano das pessoas que moram na comunidade. Entusiasmadas, sete amigas montaram o restaurante Saborearte.
O espaço, que trabalha com os sistemas delivery e self-service, surgiu a partir do programa “Elas em Movimento”, que já ajudou moradoras de outras favelas pacificadas. “Realizamos um sonho”, comemora Suellen Falcão Queiroz, 23, uma das sócias.

A realidade dos moradores do Borel, Casa Branca e Chácara do Céu, na Tijuca, Zona Norte, áreas que antes de ocupação militar eram territórios de guerra do tráfico e constantes incursões policiais, também é outra. Os desenhos feitos pelos alunos da escola local, mostrando o “antes” e “depois”, resumem o resultado da mudança.

“A gratificação por realizar esse trabalho é muito maior do que tudo o que já fiz na polícia”, revela o capitão Amaral, que comanda a UPP local.

As UPPs que estão em pleno funcionamento são: Morro Santa Marta (Botafogo – Zona Sul); Cidade de Deus (Jacarepaguá – Zona Oeste); Jardim Batan (Realengo – Zona Oeste); Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme – Zona Sul); a favela Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos (Copacabana - Zona Sul); Pavão-Pavãozinho, também em Copacabana; Cantagalo (Ipanema – Zona Sul); Borel, Chácara do Céu e Casa Branca (Tijuca – Zona Norte); Formiga (Tijuca); Andaraí (Zona Norte); Salgueiro (Tijuca); Turano (Rio Comprido – Zona Norte); e Morro da Providência, no Centro.

A unidade do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, ainda está em fase de implantação.

“Temos que seguir o planejamento, para não cometer atropelos. Mas, ao mesmo tempo, precisamos ser rápidos para que o programa que está sendo bem recebido pela população não caia em descrédito”, conclui o coronel Robson Rodrigues da Silva.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E agora Serra?

Aos amigos que acompanham o Cariocagens: Eu sei, eu sei. É a  terceira charge este mês. Mas fazer o que? A política tupiniquim é tão inspiradora!







Amarildo

domingo, 31 de outubro de 2010

Segundo turno - Amarildo

Pois é! Duas charges seguidas, os que detestam as repetições que me perdoem, mas só satirizando!
É rir para não chorar. Resta a esperança que a nossa imatura democracia um dia, cresça.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Felicidade

Um contra censo

Quando Platão escreveu A República deixou marcado no consciente grego que felicidade era uma combinação das escolhas feitas no mundo natural somado a influência das idéias. Algo além do físico guiado pelo ‘daimon’ o homem encontraria seu destino. De certo ficou que esse conceito marcaria a definição da própria palavra felicidade: ‘eudaimonia’. Ou seja, Eu + Bom + Gênio. Entende-se então que para os gregos felicidade é o resultado de se viver sob a influência de um bom gênio, o mundo das idéias.

A migração da vida rural para a sociedade de consumo industrial viria a inferir drasticamente no ideal grego de felicidade, pois nesta fase da história o ‘Bom’ foi entendido como consumo. É importante destacar que o ideal moderno de consumo não se pauta na qualidade do que se consome, mas na ação de consumir, seja o que for. Se há escolhas a serem feitas elas se referem ao produto e não à vida, como era para os gregos. De fato a influência do mundo das idéias também foi substituída. O ‘gênio’ ou guia extra físico passou a ser o sentimento ou os sentimentos envolvidos no ato do consumo ou aquilo que se sente em não poder consumir o que se deseja.

Essa trajetória humanista traduziu em felicidade algo em constante mutação, pois o próprio produto alvo do estado de felicidade se tornou abstrato. O ‘bem estar’ se tornou o alvo, o ápice da busca pela vida feliz. Com o fim da guerra fria e o desencadear da nova economia somou-se a isso a busca pelo censo de auto realização, um pseudo hedonismo uma hidra de intenções metafísicas, mas de corpo humanista secularizado. Neste ponto ser feliz significa encontrar o amor, mesmo que seja sexo. Significa a auto realização, mas sem esforço e com o maior ganho possível. Significa fazer apenas o que se gosta, mas sem as chatices do ‘mundo natural’. O guia desta vida deixou de ser algo além da própria existência para ser o ‘Eu’.

É importante dizer que a religião também deixou sua contribuição na formação da idéia atual de felicidade. O processo primeiro de estatização da religião e mais tarde de privatização somado ao relativismo cultural miscigenou e nivelou ‘por baixo’ a religião que hoje está aí. Toma-se por base a animização institucional cujo símbolo é o ‘Eu’. De novo encontramos o pseudo hedonismo, mas agora travestido de religioso. Ou seja, deus é servo do ‘bem estar’ e o consumo seu sacerdote.

Devo dizer que quem está certo é o Linkin Park: “I become so numb (...)”. Felicidade se tornou esse anestesiamento da alma. Um entorpecente pandêmico que já atingiu níveis além do alarmante. Devemos urgentemente reorganizar nossas almas, mas não poderemos fazer isso sozinhos, pois os gregos já nos indicavam o caminho correto. São as nossas escolhas guiadas por algo além da matéria que trará significado ao destino do homem.

                                                               Wiki

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pensando que a tolerância que desejo não é papo de botequim, não é futebol de domingo e nem uma cruzada pela hegemonia institucional. É coexistência.

sábado, 16 de outubro de 2010

Baden Powell - tristeza

José Serra distribui santinhos evangélicos

De olho no eleitorado evangélico e católico o presidenciável José Serra deu uma de "evangelista" ao distribuir na última sexta feira folhetos que lembram os usados pelos evangélicos em eventos religiosos.
O candidato, que não é santo, nem beato não está em busca de reconhecimento sacro alá 'José Evangelista'. Essa não é uma campanha Gospel, ninguém se converteu a fé alguma, trata-se de uma luta épica que está sendo travada na corrida presidencial em busca dos votos de Marina no primeiro turno. A bizarrice chegou pra valer.
Não sou profeta, mas tenho de dizer: Coisa pior vem por aí!

Veja mais na reportagem do Estadão



sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Charge do Néo

É difícil fabricar caudilhos


Quais camadas subterrâneas estão se mexendo? Os nossos sensores profissionais de sismos eleitorais fazem diversas apostas e especulações: para uns, é o aborto, essa discussão medieval e obscurantista que agride a racionalidade e o iluminismo do Estado laico; para outros, trata-se da repercussão das travessuras de dona Erenice e sua destrambelhada família nas salas contíguas à Casa Civil; para outros ainda, é uma espécie de puxão de orelhas na soberba presidencial, uma maneira de lembrar ao “cara” que quem dá o poder também pode tirá-lo, ou um simples alerta para que desça um pouco das tamancas e pare de esbravejar e de se considerar o fundador do País.

Cada um dos explicadores oficiais escolhe a sua tese predileta, para fundamentar a escolha que mais lhe apetece, ou para corroborar os pré-julgamentos publicados ao longo da campanha ou para acomodar mal disfarçadas simpatias partidárias.

O fato é que as pesquisas mostram que a coisa não está correndo de acordo com o figurino que já estava desenhado, consagrado e estabelecido.Uma semana antes do primeiro turno das eleições, era difícil encontrar um comentador que já não desse a partida por liquidada e não tentasse demonstrar a sua sagacidade sacando sobre o futuro, antecipando composições e ministérios, acomodação de tendências, lutas internas pela divisão de poder, jogos de influência, essas coisas comuns que tanto atormentam as falanges vencedoras.

Os institutos de pesquisas, uns mais vitaminados, outros menos, induziram todos ao erro, porque não conseguiram passar da superfície e captar os movimentos das camadas subterrâneas onde se escondiam as verdadeiras intenções do eleitor.Para o jogo do segundo turno, aparentemente eles se cercaram de maiores cautelas e tentarão fazer um esforço desesperado para salvar a sua reputação, que está valendo pouco mais de dois vinténs.

A duas semanas das eleições não há nada decidido.Os próximos dias prometem fortes emoções.Dilma pode recuperar o fôlego perdido e retomar as rédeas da disputa ou Serra pode virar o jogo.


Várias lições ficam: a mais óbvia delas é que a credibilidade dos institutos de pesquisa está abalada, alguns por fragilidade metodológica,outros por fragilidade ética- ou por ambas. Outra lição é a de que o cosmopolitismo,o modernismo e o laicismo das camadas “modernas ‘ da classe média urbanizada tem o contraponto geralmente não detectado e desprezado de uma religiosidade ainda viva e pulsante- para o bem e para o mal- nas camadas mais pobres da população, o que significa que alguns valores continuam se sobrepondo,ou no mínimo se igualando, a um prato de comida doado pelas bolsas do governo ou à facilidade de um carnê das Casas Bahia. E, por fim, a constatação de que ainda existe quem dê importância à ética no trato da coisa pública.

Os explicadores de Brasil terão todo o período pós-eleitoral para estudar porque está cada vez mais difícil fabricar caudilhos e impô-los ao povo.

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.. E.mail: svaia@uol.com.br

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Deus na campanha

Nelito Fernandes - Repórter da sucursal Rio de ÉPOCA

- Eu achei que o senhor tinha desistido da terapia. Há quanto tempo você não deita nesse divã? É praticamente um milagre você aparecer.

- Em primeiro lugar, mais respeito. Você não. Senhor e com S maíusculo. E esse seu trocadilho com milagre explica o meu sumiço. Eu já estou de saco cheio desses trocadilhos divinos toda vez que eu aparecço. Então me poupe.

- E o que traz o senhor com s maíusculo aqui então?

- Estão usando meu nome na campanha. Imagina isso: meu nome na boca de políticos!

- Entendo...

- Sem contar que eles chamam aquele papelzinho de campanha de "santinho". Devia ser capetinha, isso sim. Me transformar em cabo eleitoral é o fim da picada.

- Entendo..

- Com tanta coisa pra me preocupar eu agora ainda tenho que me meter em eleição no Brasil? Olha, se eu me distraio um segundo, o Armadinejah faz a bomba.

- Entendo...

- É pra isso que você recebe, pra ficar dizendo "entendo" toda hora? Tenha santa paciência.

- Agora o senhor é que está fazendo.

- O que?

- Trocadilhos santos.

- Mas que diabo. Vou esclarecer uma coisa: eu não tenho candidato. Eles se esquecem que eu tudo ouço e tudo vejo? Então é impossível para mim ter um candidato. Além disso, na minha idade o voto não é mais obrigatório...

- Mas então não tem esperança pra gente? Nenhum presta? Não é possível que não vá aparecer ninguém pra dar um jeito nisso tudo.

- Meu amigo, o último que eu mandei vocês penduraram na cruz. Agora se virem....

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Greve dos bancários

Imagem da Semana II


Funcionário retira cartazes de greve em agência do Rio / Foto de Pedro Kirilos.

O sindicalismo iniciado no séc. XVIII de forma nobre com as sociedades de ajuda mútua, vê o movimento se limitar as pressões por salários. Sem a nobreza de antes, as greves de hoje dificultam ainda mais a vida de milhares de pessoas que já pagam pelos serviços como os dos bancos e que pagarão ainda mais agora, na forma de juros e multas em contas atrasadas.

Resgate no Chile

Imagem da Semana

O Presidente do Chile, Sebastian Piñera recebe o primeiro mineiro Florêncio Ávalos

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Frase do Dia

'Minha grande ambição é nunca me tornar obsoleto, sempre tentar inovar, me reinventar.'

Tiago Leifert - Editor Chefe e apresentador do Globo Esporte SP

domingo, 10 de outubro de 2010

Deu em Época

Como o debate sobre Deus e o aborto interfere no segundo turno das eleições – e pode inaugurar uma nova fase na política brasileira

A religião não é um tema estranho às campanhas políticas no Brasil. A cada par de eleições, o assunto emerge da vida privada e chega aos debates eleitorais em favor de um ou outro candidato, contra ou a favor de determinado partido. Em 1985, o então senador Fernando Henrique Cardoso perdeu uma eleição para prefeito de São Paulo depois de um debate na televisão em que não respondeu com clareza quando lhe perguntaram se acreditava em Deus. Seu adversário, Jânio Quadros, reverteu a seu favor uma eleição que parecia perdida. Quatro anos depois, na campanha presidencial que opôs Fernando Collor de Mello a Lula no segundo turno, a ligação do PT com a Igreja Católica, somada a seu discurso de cores socialistas, fez com que as lideranças evangélicas passassem a recomendar o voto em Collor – que, como todos sabem, acabou vencendo a eleição.

Esses dois episódios bastariam para deixar escaldado qualquer candidato a um cargo majoritário no país. Diante de questões como a fé em Deus, a posição diante da legalização do aborto ou a eutanásia, ou o casamento gay, o candidato precisa se preparar não apenas para dizer o que pensa e o que fará em relação ao assunto se eleito – mas também para o efeito que suas palavras podem ter diante dos eleitores religiosos. Menosprezar esse efeito foi um dos erros cometidos pela campanha da candidata Dilma Rousseff, do PT. Nos últimos dias antes da eleição, grupos de católicos e evangélicos se mobilizaram contra sua candidatura por causa de várias declarações dela em defesa da legalização do aborto. Numa sabatina promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, em 2007, Dilma dissera: “Olha, eu acho que tem de haver a descriminalização do aborto”. Em 2009, questionada sobre o tema em entrevista à revista Marie Claire, ela afirmou: “Abortar não é fácil pra mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização. O aborto é uma questão de saúde pública”. Finalmente, em sua primeira entrevista como candidata, concedida a ÉPOCA em fevereiro passado, Dilma disse: “Sou a favor de que haja uma política que trate o aborto como uma questão de saúde pública. As mulheres que não têm acesso a uma clínica particular e moram na periferia tomam uma porção de chá, usam aquelas agulhas de tricô, se submetem a uma violência inimaginável. Por isso, sou a favor de uma política de saúde pública para o aborto”.

Tais declarações forneceram munição para uma campanha contra Dilma que começou nas igrejas, agigantou-se na internet e emergiu nos jornais e na televisão às vésperas do primeiro turno. Foi como se um imperceptível rio de opinião subterrâneo se movesse contra Dilma. Esse rio tirou milhões de votos dela e os lançou na praia de Marina Silva, a candidata evangélica do PV. Segundo pesquisas feitas pela campanha de Marina, aqueles que desistiram de votar em Dilma na reta final do primeiro turno – sobretudo evangélicos – equivaleriam a 1% dos votos válidos. Embora pequeno, foi um porcentual que ajudou a empurrar a eleição para o segundo turno, entre Dilma e o candidato José Serra, do PSDB. Mais que isso, a discussão sobre a fé e o aborto se tornou um dos temas centrais na campanha eleitoral.

A polêmica religiosa deu à oposição a oportunidade de tomar a iniciativa na campanha política, pôs Dilma e o PT na defensiva e redefiniu o segundo turno. Na sexta-feira, quando foram ao ar as primeiras peças de propaganda eleitoral gratuita, o uso da carta religiosa ficou claro. Dilma agradeceu a Deus, se declarou “a favor da vida” e disse que é vítima de uma “campanha de calúnias”, como ocorreu com Lula no passado. O programa mencionou a existência de “uma corrente do mal na internet” contra ela. Serra se apresentou como temente a Deus, defensor da vida e inimigo do aborto (apesar de seu partido, o PSDB, ter apresentado nos anos 90 um projeto de legalização do aborto no Senado). Pôs seis grávidas em cena e prometeu programas federais para “cuidar dos bebês mesmo antes que eles nasçam”.

Agora, atônito, o mundo político discute que tipo de efeito a discussão sobre valores religiosos terá sobre a votação de 31 de outubro. E como ela afetará o Brasil no futuro. Tradicionalmente, o cenário político brasileiro tem sido dominado por temas de fundo econômico – como inflação, desemprego, previdência e salário mínimo – ou social – como pobreza, segurança, educação e saúde. Mas a elevação do padrão de vida dos pobres e a superação das necessidades elementares de sobrevivência podem ter começado a abrir espaço para aquilo que, em democracias mais maduras, é conhecido como “agenda de valores”. Ela reúne temas como fé, aborto, eutanásia, ensino religioso, casamento entre homossexuais ou pesquisas com manipulação genética. “Ninguém mais vai se eleger para um cargo executivo facilmente com um programa que prevê a legalização do aborto”, afirma Ary Oro, estudioso de religião e política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “É impossível ignorar a força numérica, demográfica e eleitoral da religião.”

Ivan Martins e Leonel Rocha. Com Kátia Melo, Martha Mendonça, Nelito Fernandes, José Alberto Bombig e Guilherme Evelin