sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Funeral das Desculpas

A arte imita a vida

Demorou algum tempo para acreditar, parecia mentira, relutava consigo mesmo e sua consciência. Era um duelo interior, ninguém percebia, mas ela estava lá, sempre vinha atormentá-lo e neutralizava-o: A desculpa.

No começo não era tão importante assim, a sua relação com ela era superficial, sem menores prejuízos. Depois foi crescendo, crescendo, até que começou a dominar cada canto, cada espaço de sua mente. Já não sabia mais o que dizer, até que tentou uma saída: entregava desculpas para os outros, muitas delas, farta distribuição de desculpas, como se momentaneamente aliviasse sua cabeça. Não deu certo!

Decidiu um plano fatal: A desculpa vai morrer! Mas como? Pensava em seu coração, “vou asfixiá-la com a VERDADE.” Certa noite ao chegar em casa, fechou a cortina, foi para o seu quarto, trancou a porta e dobrando os joelhos disse: “Desculpa, hoje você vai morrer!”

Começou a falar consigo mesmo sobre a VERDADE, somente a verdade, nada mais que a verdade. Abriu seu coração sem medo, confessou tudo que com suas próprias mãos colocava a desculpa para não ser, não fazer e não viver diante de DEUS. Viu a desculpa agonizando diante dele, e sepultou-a ali mesmo, sem caixão, sem velas, nem flores, nem tampouco coroas. Levantou, e percebeu que seu mesmtre o abraçava, e que sorrindo o conduzia.

- Mestre! Quero viver sem me dar desculpas, não quero mais me enganar.

O Mestre sorriu mansamente em sinal de aprovação. Saíram juntos, caminhando lado a lado falando sobre a vida e sonhos futuros. No cemitério do esquecimento da alma, tinha uma lápide cujo nome era o seu.

Cleidson Pedrosa

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