segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Não como a Dilma! Não como o Lula. Não como bobagens!

A política carioca, só carioca entende. Ou não!


Quase quarenta anos depois das diretas, já são 9 aqueles que ocuparam o Palácio das Laranjeiras. A história política do Estado do Rio de Janeiro é um emaranhado de ligações, coligações, rompimentos e reatamentos. Como não nos lembrarmos do entrevero público dos antes foram aliados Garotinho e Brizola? Da luta socialista anti-Moreira Franco, ou da disputa, por vezes sem pudor, entre antigos aliados, vide Rosinha X Benedita.

Nunca um governador eleito deste período correspondia ao presidente. Partidos opostos distanciavam Brasília do Rio. Nada muito diferente do que acontecia entre a capital e o interior fluminense. Redutos eleitorais defendidos a ferro e a fogo. É de se admirar que o mesmo carioca que ferveu pelas diretas tenha se curvado a quarenta anos de coronelismo eleitoral. Ou a baixada é exemplo democrático de coexistência pacífica? Certo que não! A polarização política que o Brasil experimenta hoje na disputa pela presidência é figurinha fácil por aqui, de Itatiaia a Varre-Sai.

Poderíamos postular que o que acontece na Av. Presidente Kennedy não afeta a Vieira Souto. Como se não houvesse milhares de fluminenses a integrar as fileiras do trabalho na capital. Muitos dos quais descendentes dos que antes foram desterrados do Centro carioca para os loteamentos da baixada. Erros passados que hoje nos cobram alto preço. A violência que antes de subir o morro ocupou as terras baixas do Sarapuí retorna hoje, made in UPP, pois a pacificação comemorada na zona sul ainda é sonho de pais e mães do interior.

Em quarenta anos nos acostumamos a ver nossos políticos a fazer. Um viaduto aqui, uma rua asfaltada ali. Como resultado surgiu um Rio de Janeiro de cartão postal, feito para turista ver. O interior padece em violência, onde nossos jovens desfalecem seja pela arma de fogo seja pelo bebum ao volante. Prefeitos tomam posse de seus cargos à mesma velocidade em que a Justiça eleitoral os destitui. A grande colcha de retalhos de nossa velha política luso-tupiniquim dos tempos do: “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.

Não como a Dilma! Não como o Lula, porque minha santa mãe me ensinou a não comer bobagens. A não engolir quarenta anos de conformismo tecno-político pseudo-marqueteiro. A suposta aliança deste governo com Brasília derrapa no telhado de vidro intransparente do uso do dinheiro público, da saúde a educação. A resposta não está na volta ao emaranhado partidário. Fenômeno que é capaz de unir Gabeira ao César Maia. Tampouco na figura quase messiânica que alguns candidatos estão assumindo. A resposta não é imediata, não é partidária. A resposta está na política relacional, nas relações humanas e na boa representação de nossas ansiedades. Mas não se engane, este futuro começa hoje.

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