A garrafa Pet encontrada por policiais no Trevo das margaridas, ligação da Via Dutra com a Av Brasil, é a imagem do Rio de Janeiro desta época. Os locais escolhidos pelos criminosos para atear fogo em veículos são igualmente simbólicos. Linha vermelha, que liga o centro do Rio à Baixada, a Via Dutra, principal eixo Rio - São Paulo. Av Brasil, que é símbolo do próprio nome que carrega. Isso sem mencionar Copacabana e o Palácio das Laranjeiras, sede do Governo Estadual. A mensagem do crime é territorial, não importa se orquestrada por uma ou duas facções, se atos isolados.
Estamos vivendo o tempo em que as ferramentas da violência não são as tradicionais. Não se trata da espada, não se refere as armas de fogo, não são os mísseis ou ogivas que atormentam esta terra. É a gasolina. Quando o que é simples se torna instrumento de maldade, quando o que deveria ser usado como veículo de desenvolvimento se volta contra os próprio ser. Significa que um pouco de nossa própria humanidade já se corrompeu e se tornou em cinzas como os carros queimados nas rodovias.
As imensas vias expressas da cidade são a vitrine da perversidade, enquanto o Rio é a imagem de uma pacificação também de vitrine.
É preciso que se diga que é inviável haver um policial em cada esquina, da mesma forma que é absurdo relegarmos ao Estado o papel de deus capaz de responder todos os nossos problemas. É nisto que está o nosso dilema. Acabamos de viver oito anos de propaganda pró - Estado. Uma espécie de "pai" que faz funcionar a economia, que gera empregos, que divide a renda, que faz reforma agrária e ainda perdoa pecados. Depois de nove ataques em 48 horas o estado é de incapacidade. O nosso, de perplexidade.
A pacificação que desejamos não começa no poder público e sim em nós. É no indivíduo pacificado interiormente e agente de influência em seu próprio mundo.
Precisamos urgentemente nos desarmar. Baixar espadas, desmuniciar mãos, recusar propinas, regeitarmos a corrupitibilidade da alma gananciosa e do jeitinho brasileiro e em fim, da gasolina.
O combustível da violência não é desconhecido.Conhecemos. suas causas, sabemos suas razões. Mas e quanto a paz? Qual é o seu combustível? O que a tornará viável? O que desarmará e regenerará a alma?
Comecemos agora a incubação de uma paz genital. Fomentemos seu crescimento em útero comunitário até que possamos vislumbrar seu nascimento em vias de fato no comportamento humano.
A quem interessar possa; isso não se faz com o fuzil.
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