Primeira unidade, no Morro Santa Marta, foi inaugurada em dezembro de 2008.
Confiantes, moradores das áreas ocupadas abrem seus próprios negócios.
Na tarde da última quarta-feira duas mulheres aproveitavam o sol e a vista do alto do Morro da Babilônia, no Leme, na Zona Sul do Rio. A cena, aparentemente comum, seria impossível antes da ocupação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na comunidade, segundo as moradoras. “Os tiroteios aqui começavam sempre nessa hora. A gente era obrigada a se esconder embaixo da cama ou sair de casa”, conta uma delas, mostrando as perfurações de tiros nas paredes. Programa aprovado pela população, a primeira UPP completa dois anos em dezembro.
Com cerca de 2.200 homens distribuídos em 12 favelas, as UPPs atendem 213 mil pessoas. Essa população - que conviveu durante anos com a violência dos traficantes e, muitas vezes, da própria polícia - é a principal aliada do programa, garantem os oficiais que estão à frente dessas unidades.
Com cerca de 2.200 homens distribuídos em 12 favelas, as UPPs atendem 213 mil pessoas. Essa população - que conviveu durante anos com a violência dos traficantes e, muitas vezes, da própria polícia - é a principal aliada do programa, garantem os oficiais que estão à frente dessas unidades.
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“No início os moradores nos olhavam com desconfiança, mas, felizmente, conquistamos a confiança dessas pessoas que reconhecem o trabalho que estamos fazendo. Existe uma grande mobilização que tem garantido o sucesso do programa. Não é apenas a presença da polícia, mas uma gama de serviços que estão sendo oferecidos a essa população que durante muito tempo ficou sem a atenção do Estado”, afirma o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues da Silva.
“No início os moradores nos olhavam com desconfiança, mas, felizmente, conquistamos a confiança dessas pessoas que reconhecem o trabalho que estamos fazendo. Existe uma grande mobilização que tem garantido o sucesso do programa. Não é apenas a presença da polícia, mas uma gama de serviços que estão sendo oferecidos a essa população que durante muito tempo ficou sem a atenção do Estado”, afirma o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, coronel Robson Rodrigues da Silva.
Para o coronel, a ocupação da polícia não transformou apenas o cotidiano das pessoas, mas também provocou uma grande mobilização, com novos empreendimentos que voltaram a reacender as atividades econômica, cultural, esportiva e de lazer nessas comunidades.
Restaurante na laje
Um desses empreendedores é César Zerbinato, do Morro da Babilônia, que costuma usar a laje de sua casa, com uma bela vista das praias do Leme e de Copacabana, como restaurante. Entre seus clientes estão muitos turistas estrangeiros. Coordenador de ecoturismo, César também promove, em parceria com a associação do Morro Chapéu Mangueira, caminhadas pelas trilhas da região.
“Antes, para fazer esses passeios, a gente era obrigado a avisar ao batalhão da área, a delegacia, o Forte Duque de Caxias e, principalmente, pedir autorização para o tráfico. Agora, pedimos apenas ao comandante da UPP”, diz ele, que vai organizar uma festa de réveillon na laje para turistas que querem ver a queima de fogos de Copacabana.
Como em outras comunidades, Babilônia e Chapéu Mangueira também oferecem às crianças e adolescentes aulas de balé, cursos de webdesigner, supletivo e pré-vestibular.
Um desses empreendedores é César Zerbinato, do Morro da Babilônia, que costuma usar a laje de sua casa, com uma bela vista das praias do Leme e de Copacabana, como restaurante. Entre seus clientes estão muitos turistas estrangeiros. Coordenador de ecoturismo, César também promove, em parceria com a associação do Morro Chapéu Mangueira, caminhadas pelas trilhas da região.
“Antes, para fazer esses passeios, a gente era obrigado a avisar ao batalhão da área, a delegacia, o Forte Duque de Caxias e, principalmente, pedir autorização para o tráfico. Agora, pedimos apenas ao comandante da UPP”, diz ele, que vai organizar uma festa de réveillon na laje para turistas que querem ver a queima de fogos de Copacabana.
Como em outras comunidades, Babilônia e Chapéu Mangueira também oferecem às crianças e adolescentes aulas de balé, cursos de webdesigner, supletivo e pré-vestibular.
Pintura e aulas de karatê
A paz no Morro Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul, que recebeu a primeira UPP em 22 de dezembro de 2008, fez com que o pintor Eraldo Martins, de 58 anos, voltasse à ativa após ter interrompido a pintura ao ar livre. Ele reproduz nas telas os becos e imagens dos barracos.
“Sempre gostei de retratar o cenário da favela. Gosto da perspectiva, os degraus, a penumbra e a luz. São coisas que me fascinam e enriquecem a minha obra”, revela o artista autodidata que é incentivado pelos amigos da favela. “Agora, mais do que nunca, tenho motivação para pintar os meus quadros”, diz Eraldo, que espera conseguir um espaço para dar aulas de pintura para crianças.
“Sempre gostei de retratar o cenário da favela. Gosto da perspectiva, os degraus, a penumbra e a luz. São coisas que me fascinam e enriquecem a minha obra”, revela o artista autodidata que é incentivado pelos amigos da favela. “Agora, mais do que nunca, tenho motivação para pintar os meus quadros”, diz Eraldo, que espera conseguir um espaço para dar aulas de pintura para crianças.
A professora de karatê Marise Andrade Covelo, 32, dá aulas em 13 comunidades, atendendo a cerca de 200 alunos. “São 18 anos de trabalho resgatando crianças do crime, da violência e das drogas”, conta ela. Ao lado do marido, Clemente Santiago, e do soldado Eduardo Silva, fizeram uma apresentação na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste, na comemoração do Dia da Favela.
O capitão da PM José Luiz Medeiros, responsável pela a equipe que ocupa a favela, se mostra otimista com o clima de tranquilidade entre os moradores. “Para mim, que já entrei por esses becos trocando tiros com bandidos, que já perdi muitos amigos baleados, essa convivência em paz com as pessoas tem um significado muito importante”, afirma o militar, que acompanha um torneio de futebol promovido pela UPP.
O capitão da PM José Luiz Medeiros, responsável pela a equipe que ocupa a favela, se mostra otimista com o clima de tranquilidade entre os moradores. “Para mim, que já entrei por esses becos trocando tiros com bandidos, que já perdi muitos amigos baleados, essa convivência em paz com as pessoas tem um significado muito importante”, afirma o militar, que acompanha um torneio de futebol promovido pela UPP.
Delivery e self-service
Ainda na Zona Oeste, a paz no Jardim Batan, em Realengo, mudou o cotidiano das pessoas que moram na comunidade. Entusiasmadas, sete amigas montaram o restaurante Saborearte.
O espaço, que trabalha com os sistemas delivery e self-service, surgiu a partir do programa “Elas em Movimento”, que já ajudou moradoras de outras favelas pacificadas. “Realizamos um sonho”, comemora Suellen Falcão Queiroz, 23, uma das sócias.
A realidade dos moradores do Borel, Casa Branca e Chácara do Céu, na Tijuca, Zona Norte, áreas que antes de ocupação militar eram territórios de guerra do tráfico e constantes incursões policiais, também é outra. Os desenhos feitos pelos alunos da escola local, mostrando o “antes” e “depois”, resumem o resultado da mudança.
“A gratificação por realizar esse trabalho é muito maior do que tudo o que já fiz na polícia”, revela o capitão Amaral, que comanda a UPP local.
As UPPs que estão em pleno funcionamento são: Morro Santa Marta (Botafogo – Zona Sul); Cidade de Deus (Jacarepaguá – Zona Oeste); Jardim Batan (Realengo – Zona Oeste); Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme – Zona Sul); a favela Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos (Copacabana - Zona Sul); Pavão-Pavãozinho, também em Copacabana; Cantagalo (Ipanema – Zona Sul); Borel, Chácara do Céu e Casa Branca (Tijuca – Zona Norte); Formiga (Tijuca); Andaraí (Zona Norte); Salgueiro (Tijuca); Turano (Rio Comprido – Zona Norte); e Morro da Providência, no Centro.
A unidade do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, ainda está em fase de implantação.
“Temos que seguir o planejamento, para não cometer atropelos. Mas, ao mesmo tempo, precisamos ser rápidos para que o programa que está sendo bem recebido pela população não caia em descrédito”, conclui o coronel Robson Rodrigues da Silva.
A realidade dos moradores do Borel, Casa Branca e Chácara do Céu, na Tijuca, Zona Norte, áreas que antes de ocupação militar eram territórios de guerra do tráfico e constantes incursões policiais, também é outra. Os desenhos feitos pelos alunos da escola local, mostrando o “antes” e “depois”, resumem o resultado da mudança.
“A gratificação por realizar esse trabalho é muito maior do que tudo o que já fiz na polícia”, revela o capitão Amaral, que comanda a UPP local.
As UPPs que estão em pleno funcionamento são: Morro Santa Marta (Botafogo – Zona Sul); Cidade de Deus (Jacarepaguá – Zona Oeste); Jardim Batan (Realengo – Zona Oeste); Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme – Zona Sul); a favela Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos (Copacabana - Zona Sul); Pavão-Pavãozinho, também em Copacabana; Cantagalo (Ipanema – Zona Sul); Borel, Chácara do Céu e Casa Branca (Tijuca – Zona Norte); Formiga (Tijuca); Andaraí (Zona Norte); Salgueiro (Tijuca); Turano (Rio Comprido – Zona Norte); e Morro da Providência, no Centro.
A unidade do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, ainda está em fase de implantação.
“Temos que seguir o planejamento, para não cometer atropelos. Mas, ao mesmo tempo, precisamos ser rápidos para que o programa que está sendo bem recebido pela população não caia em descrédito”, conclui o coronel Robson Rodrigues da Silva.
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