segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Quando morrem os sonhos

‘(...) que artista morre comigo’.
                                             Nero

O que pode realizar um homem quando não há limites para suas ações? Quando todo o dinheiro do mundo, toda a mão de obra está disponível e quando toda a estrutura está inteiramente à disposição a qualquer hora do dia ou da noite? Nero possuiu tudo isso, um império a serviço de sua vontade. Quando imaginou Roma como a cidade mais bela do mundo não hesitou em atear fogo consumindo três quartos da capital imperial. Sonhou se tornar o maior artista do mundo nem que para isso precisasse trancafiar sua platéia dentro dos teatros enquanto suas apresentações duravam dias. Em Nero a expressão ’público cativo’ toma outra conotação. Por fim, sonhou em elevar seu nome acima de todos os césares. De certa forma conseguiu.  

Não é uma equação matemática. Não nos tornaremos um ‘Nero’ apenas por não haver limites para nossas ambições. Não são elas as causas de nossa humanidade ou a fronteira da deidade em nós. Elas apenas nos lembram que estamos vivos. “Não desista de seus sonhos” - Esta que se tornou uma máxima de nosso tempo traz uma aparência de perseverança em sua mensagem do tipo: “sou brasileiro e não desisto nunca”, mas a verdade é que há limites. Os sonhos duram apenas uma única noite. No amanhecer o que há é trabalho por fazer.

No entanto sonhamos acordados eu sei. Uma tentativa de manter acesa a ‘chama’ de um dia acontecer a tão esperada realização. Prolongamos as sensações, nos deleitamos com a imagem abstrata da concretização daquilo que desejamos. Confundimos ansiedade com Fé, ou seja, a nobre esperança da retribuição de nossas boas ações. Não obstante, Fé não é moeda de troca e justiça não é o retribuir de uma boa ou má ação. O que fazemos? Seguimos sonhando.

Sonhar é bom, faz bem a alma, porém o limite saudável do sonho é seu ambiente original isto é, o sono. O amanhecer deve nos trazer a ‘bênção do trabalho’. Sonhe todas as noites quanto possível, mas esteja preparado para o amanhecer. O que nos pode trazer a manhã? Nunca se sabe! O amanhecer pode trazer a realização ou a prova de que o sonho se foi. Não obstante, tudo acaba.

Muitos se esforçam para sonhar, outros já sonham, mas lutam para mantê-los vivos. Para muitos isto já seria trabalho de mais. Porém ainda resta um: Lidar com a morte do sonho. Quando não se realiza, quando é fruto de nossos devaneios, ou quando apenas é efeito da feijoada da noite anterior. Sonhos devem morrer, é o processo natural. Eles nascem, crescem em nossos corações e então chega o momento em que serão realizados ou morrerão em nossas lembranças. Sonhos mortos devem ser sepultados, não sem dor. Chore por eles, guarde seu luto, mas dê-lhes o descanso eterno. Haverá uma outra noite, um novo sono e quem sabe um novo sonho.  Durma em paz!


Leo

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