terça-feira, 20 de setembro de 2011

Primavera Brasileira - Contra a Corrupção


A passeata marcada para o fim desta tarde na Cinelândia deve receber mais de trinta mil pessoas. Esperamos que este ato signifique uma mudança na terrível trajetória da nossa política tupiniquim, mais ainda, que cada cidadão viva nas mínimas coisas, a idoneidade que falta hoje não apenas em Brasília.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Entre a Glória e a Vergonha

Uma crônica sobre o sucesso e o fracasso

Enquanto eu trabalhava em meu romance uma pessoa se aproximou de minha janela e puxou conversa. Curioso, no espaço de um minuto, o sujeito me apedreja perguntas sem me dar o fôlego necessário para responder a uma sequer. Sua última pergunta é possivelmente aquela que mais persegue os escritores em inicio de carreira: Quando é que você vai publicar?
É esta a maior expectativa de todo aquele que escreve, ou seja, a materialização de seu trabalho e de todas as horas gastas, no sagrado papel em formato livro.

A matemática do sucesso é uma simples operação de adição cuja melhor medida está nos números. Uma característica deste tempo que atinge também o escritor que vê seu sucesso medido em tiragem. No competitivo mercado editorial brasileiro ter cinco mil obras vendidas em um trimestre significa um excelente começo. Vinte mil em um ano o levará a uma grande editora e a um provável best-seller e a gloria.  A publicação pura e simples representa muito pouco para a indústria do livro, uma vez que apenas menos de 1% de todos os títulos publicados no país venderão mais de cem mil obras e é ai que está o engano de muitos que sonham em viver da “literatura”: A indústria do livro e a literatura/arte são opostas entre si.

A tiragem não é um indicativo do valor literário, veja que o autor brasileiro que mais publica no mundo hoje, jamais obteve o reconhecimento da academia do valor literário para nem mesmo sequer uma de suas obras. Já os autores mais reconhecidos pela qualidade técnica e relevância de suas obras as escreveram em um espaço de duzentos anos e estes não são apenas autores, se tornaram sinônimos de literatura brasileira, mas hoje, suas tiragens são mínimas, o que mostra haver uma distância entre o sucesso matemático da tiragem e o valor real e a relevância cultural e literária de uma obra. Não obstante, as duas coisas podem sim conviver juntas, mas estes casos infelizmente vêm se tornando cada vez mais raros e restritos a uma comunidade seleta de autores.

Para muitos o fracasso está na vergonha do anonimato, ou seja, em jamais publicar algo, já o sucesso no número de livros ou de CD`s vendidos ou mesmo de posts visualizados e comentados. O número de seguidores em um perfil ou de amigos adicionados.
O sucesso não está na performance numérica e sim na qualidade individual, está no “teor” no extrato essencial do ser e isto não se reflete em números, não esta sob o domínio da industria não pode ser “baixado” em um click ou mesmo copiado e colado em outro documento para servir de modelo. O talento não pode ser copiado.

Nestes dias a nossa literatura passa por sua pior “entre safra”, mas ressurgirá como arte que é interpretando o mundo a imagem e semelhança tupiniquim sob a mesa antropofágica e oferecerá ao mundo a literariedade oral capaz de gerar reflexão cultural e identificação humana. E esta literatura não esta hoje nas grandes tiragens.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A Morte

Carta aberta aos brasileiros

Belo Horizonte, 4 de julho de 2011

Queridos brasileiros!

Venho por meio desta explicar as razões de meu último trabalho. Não que seja eu obrigado a fazê-lo, mas devido  as duras críticas que venho recebendo em meu Twitter desde que levei aos céus o impoluto Zé Alencar, e que pioraram agora com o mais recente carreto do Sr Topete, Itamar Franco, tenho de desabafar.

Nada pessoal amigos, são só negócios! Se fosse pra eu escolher, saibam que há outros que eu teria enorme prazer em conduzir a outros andares. Muitos fãs de meu trabalho também têm sugerido nomes para minha lista em ordem de prioridade como: o Sarney, o Michel Temer e o Restart.
Maldade! Ainda tem o Beira-mar e até mesmo o Cabral que depois de chamar os professores de vagabundos e os bombeiros de vândalos andou perambulando pela minha lista. E os nomes continuam chegando.

Tenho de dizer! Porque ninguém reclama com a Cegonha? Porque só comigo? Gente, eu só obedeço ordens. A digníssima senhora Cegonha é, em primeiro lugar, a real culpada por trazer a este mundo as figuras que mais cedo ou mais tarde eu terei de ceifar. Só poque ela é branquinha e gringa ninguém lhe enche o saco, deve ser racismo, mortefobia, sei lá.

E tem outra dizem, a boca miúda, que um político honesto no céu é algo tão raro que o Zé Alencar estava solitário, deprimidíssimo e que alguém teria de lhe fazer companhia. Sobrou pra outro mineiro.

Não se preocupem amigos, eu em pessoa irei até o chefe e entregarei todas as sugestões que vocês estão enviando, mandem também vídeos, os mais emocionados certamente terão melhor efeito.

Deixo um abraço, e não se esqueçam: qualquer hora dessas eu passo por aí.

Zé Maria

terça-feira, 17 de maio de 2011

O degelo das nossas convicções

Robson Henriques - Exame online

Nossas certezas são como pedras de gelo dentro daquela geladeira de boteco, que é desligada de noite e religada somente na manhã do dia seguinte.
Essas pedras de gelo que se formam durante o dia vêem a sua solidez morrendo aos poucos durante a calada da noite, até se tornarem novamente fluídas, sem forma, sem vontade própria.
Voltam a ser apenas água. Apenas esperando o ritual de virar novamente gelo por um dia.
Vivemos uma era fluida, que Zygmunt Bauman traduziu bem em sua Modernidade Líquida, onde os valores, crenças e convicções duram pouco em seu estado sólido. Logo derretem na correnteza voraz dos nossos dias. O excesso de informação faz com que a gente não se aprofunde em nenhuma delas. E se afunde em superficialidades.
Nossa certeza de hoje é o talvez de amanhã.
Esse degelo de convicções criou uma geração de consumidores com valores igualmente fluidos, com opiniões mais flexíveis, livres de preconceitos e abraçando a diversidade. O que é bom. O problema é que ao mesmo tempo essa geração se revela ansiosa, inconsistente nas decisões, inconstante nos hábitos, constantemente insatisfeita.
Tudo tem de ser para agora porque daqui alguns minutos não sei se vou querer mais. Não só para os bens que eu consumo, mas para todas as outras escolhas na vida: emprego, casamento, sonhos.
Se a sociedade não consegue mais gerar valores sólidos aos quais possamos nos agarrar e usar como como referência de conduta, um norte para a nossa vida a longo prazo, quem é pode criar essas convicções? Quem é o novo guardião desse valores?
As marcas.
Através de trabalhos de branding com sistemas cada vez mais sofisticados, as marcas estão conseguindo incorporar esse valores sólidos e deter moralmente seu direito de uso.
Quer exemplos? Qual instituição política ou figura pública que hoje é a tradução do valor “confiança”? Você vai ter de fazer um contorcionismo mental para tentar lembrar algum nome.
E se reformularmos essa pergunta para: qual a marca que para você traduz Confiança?
Você certamente deve ter lembrando de uma marca de alimentos presente no Brasil há mais de 80 anos.
Se a pergunta fosse: qual a marca que para você que traduz Felicidade?
Fatalmente você vai lembrar de um fabricante de refrigerante com mais de 125 anos.
E Lealdade? Existe uma boa chance de você lembrar de uma marca de ração para animais que organiza um trabalho mundial de adoção de cães.
Com suas plataformas de construção de percepções intangíveis, as marcas estão se tornando os pilares insconscientes do valores coletivos da sociedade. E nós, consumidores, estamos sendo formados e educados por elas.
A maior prova dessa influência é que, se eu descrever uma pessoa citando somente as marcas que ela usa, não revelando nenhum dado pessoal, você é capaz de emitir juízo de valor sobre essa pessoa e dizer se ela é cuidadosa, se ela preza a família, se ela é ambiciosa, se ela é confiável.
O que nos leva a outro ponto interessante: as marcas que consumimos denunciam a nossa personalidade e nossas intenções. Mesmos aquelas  mais íntimas, que tentamos esconder a todo custo.
Mas essa já é outra história. Para o nossa próxima conversa.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Imagem da Semana

Operação Octanagem

O indecifrável mistério do preço da gasolina

Já ia alta a madrugadinha quando as dezenas de carros oficiais e viaturas da força tarefa saíram rasgando ruas a avenidas em uma operação realizada em sete estados da federação. Mandados de prisão em riste policiais federais, militares e investigadores locais invadiam barracos e mansões em busca dos malvados meliantes. Sob o olhar atendo das lentes e iluminados pelos potentes holofotes traficantes iam sendo amontoados nas caçapas, Patamo adentro.

Nos idos do ano de nosso senhor de 2020 nossa terra atormentada viu-se invadida pelo mal. Depois de pacificada a favela e vencida a milícia o diabo encarnado mudou de forma. Nada pessoal são apenas negócios. Porque o traficante venderia pedra, pó ou folha se o lucro não mais compensava o risco? Não senhor, bandido pode até não ter estudo, mas não é burro. Não pela primeira vez isso se dá assim. No longínquo século vinte bandido, vagabundo e ladrão passaram a traficar simplesmente porque dava mais dinheiro. Hoje sobre as barbas da segurança pública mudam de novo. Porque vender um grama se o litro dá mais grana? Isso mesmo! Com o preço da gasolina aqui a mais de três reais vagabundo agora trafica gasolina do Paraguai.

É fato conhecido que lá inexplicavelmente se enche um tanque por dois reais. Migrou-se a bandidada. O aviãozinho e o fogueteiro passaram a ter outra função, agora corriam o lixo e o chão em busca de garrafas. O novo tráfico tomou primeiro o morro depois o asfalto. Eu mesmo andando pela rua de meu bairro querido uma figura nefasta me abordou, escondida entre o poste e o arbusto me oferecendo uma garrafa. Custava nada não disse ele, a primeira era de graça, era da pura, sem água. Confesso que tremi, mas apeguei-me com meu santo, clamei o sangue de Jesus e resisti à tentação.

Que problemão! Anos de aliciamento e vicio agora não tinham alívio. Não era mais possível encontrar o antigo produto, restou ao viciado sofrer a crise a abstinência e o padecimento triste e acamado. Milhares deixaram seus postos de trabalho. Do jornal as novelas, do púlpito ao gabinete sofriam o jovem e o adulto, o santo e o pecador. O congresso reunido as pressas votou leis de compressa fazendo do SUS serviço aliviador. Dozes homeopáticas eram agora oficialmente servidas ao consumidor.

Porque aqui é tão cara a gasolina? O Papa não sabe e o vidente não entende. Foi mesmo um repórter espertinho que ao entrevistar o Ministro de Minas e Energia ao questionar sua Excelência teve o gravador confiscado e seu emprego ameaçado. Exilado foi escalado para cobrir na Antártida a migração do Pinguim Rei e ainda não voltou.

Depois de comemorado o Pré-Sal que mais de um vintém rendeu resta-nos o indecifrável mistério do preço da gasolina, mas enquanto não se descobre segue a Polícia Federal em mais uma operação de nome legal a divertir nos e a entreter-nos, pelo menos até o carnaval.